Desde seus primeiros filmes, ainda na faculdade, Philippe Barcinki já mostrava o potencial de seu talento.
Entre seus curtas estão os premiados Palíndromo e A Janela Aberta. Agora ele lança seu segundo longa: Entre Vales.
O maior mérito do filme é sem dúvida a história, tanto a premissa como as nuances do roteiro: um homem visto em dois momentos de sua vida: em uma vida miserável em um lixão e em sua vida como pai de família classe média.
A construção desses ambientes também é muito rica, com boa decupagem, fotografia e arte e excelente escolha de ambientes, nos interessamos por essa vida dupla.
O lixão, aliás, tem possibilitado muitas reciclagens em nosso cinema, seja no excelente documentário de Coutinho - Boca de Lixo, no poético e profundo Estamira ou no mais recente Lixo Extraordinário - já comentado aqui.
O filme vai criando a expectativa de como essas histórias irão se encontrar. Terá ele sido descoberto no lixão e subido de vida? Terá ele levado uma rasteira? Serão dois mundos paralelos, duas possibilidades de existência?
Questões bastante intrigantes e envolventes. Mas que são prejudicadas por um certo problema de ritmo do filme.
Os diálogos não fluem como deveriam e em alguns personagens faltam mais nuances de personalidades ou repertório de gestos e tons para que tenham mais profundidade (a que essa trama e esse filme pedem pelo menos).
Essa já era uma deficiência do longa anterior de Barcinski: Não por Acaso, que também tinha um ótimo roteiro e personagens bastante interessantes, não nos envolvia como poderia.
E não é questão de elenco, nem no anterior e nem nesse, pois aqui Ângelo Antônio faz um trabalho bastante denso e dedicado, assim como outros coadjuvantes, por exemplo os companheiros do lixão.
Uma aparada de arestas e Barcinski poderá fazer fluir suas grandes histórias. Ideias e argumentos para isso não lhe faltam!
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