sexta-feira, 12 de março de 2010

Campanella e El Secreto de Sus Ojos



Quando vi O Filho da Noiva me apaixonei pela narrativa ao mesmo tempo simples e profunda, divertida e dramática, com histórias românticas, familiares, profissionais, filosóficas... E ao mesmo tempo numa fluidez... Quase como uma telenovela, mas de qualidades preciosas!



Grande mérito! Um dos meus filmes do coração... (reforçando minha curiosidade e admiração pelo cinema argentino)

E isso me manteve curiosa pra acompanhar a trajetória do diretor: tanto ver seu filme anterior O Mesmo Amor, a Mesma Chuva - que trabalha dentro do mesmo universo e com o mesmo tom, porém demonstrando menos maturidade e mais moralismo. Ou no filme seguinte O Clube da Lua que trouxe algumas variações do mesmo tema (família, romance, crise econômica...), em alguns quesitos até com mais profundidade, mas de maneira geral com um pouquinho menos de sabor... De qualquer maneira, todos bons filmes: boas premissas, boas, tramas, bons atores...

Com seu filme mais recente de novo minhas expectativas, mas não sei porque algo me deixava com pé atrás... Mas veio uma estatueta de melhor filme estrangeiro, então novamente a curiosidade...

Que não fez jus...

O Segredo dos seus Olhos tem uma narrativa embolada demais, quer jogar com gêneros (romance X thriller), mas acaba não se atendo nem a um nem a outro, os personagens aqui são menos profundos, têm menos camadas e parecem mais artificiais (o que fica reforçado tb por uma má caracterização dos personagens rejuvenecidos ou envelhecidos... Atores de 40 e poucos anos interpretando personagens de 20 e tanto ou 50 e tanto...)

O mérito nos outros filmes de Campanella, de fazer uma crônica do cotidiano aqui se perde com a tentativa de uma narrativa mais elaborada e fantasiosa... O feitiço vira contra o feiticeiro e me deixa com gosto amargo de decepção na saída do cinema...

Que venha um próximo para se redimir e me arrebatar novamente!


sábado, 6 de março de 2010

Gaspar Noé: Irreversível e Sozinho Contra Todos




Gaspar Noé realmente me conquistou com Irreversível.
Polêmica, nem todos "compram" o exagero do filme: violência de todas as formas - física, moral, psicológica, etc.




O que mais me interessa é a estrutura, o jogo que faz com o espectador.
Não basta pensar em narrativas não-lineares, há que fazer com que isso traga mais às suas leituras. Por exemplo, o mais chocante de começar um filme pelo fim, é mostrar como esse fim representa o máximo de degradação na vida de um casal e como ao vermos a história voltar e ficar cada vez mais suave, sutil, até mesmo romântica e vermos nos confrontar como espectadores com um certo alívio pelo "final feliz" e a contradição que isso gera ao repensarmos na estrutura. E mais ainda: em como quanto mais o final, ou seja, o princípio, se torna feliz, mais aterrorizante e destrutivo se torna o começo, ou seja, o fim.

Gaspar quer mostrar um mundo corrompido e quer mostrar o quanto participamos disso, o quanto ao tentar fugir e não enfrentar, estaremos sendo mais hipócritas e talvez mais perversos ainda...

Vendo um professor falar em aula do quanto a cena do estupro o incomoda e acha insuportável, me faz questionar se não é por a cena ser extremamente erótica e despertar sentimentos inescrupolosos de desejo de violação de quem está vendo... Perverso da parte do diretor, mas muito interessante...

E Gaspar parece tentar jogos parecidos em Só Contra Todos, apresenta um cara sem nada, um pária, digno dos personagens mais deploráveis de Dostoievski (como de Memórias do Subsolo)... Ele apresenta ao personagem de maneira bem simples, sintética, quase sem recurso algum, apenas o acompanhando em closes, planos de conjunto em ações ora cotidianas, ora de reações violentas. Mas a força e impacto do filme vem na voz em off do personagem, um constante fluxo de pensamento narra todo o filme e nos faz ver tudo que o personagem pode ter de repulsivo: ele julga e despreza a todos, declarando seu desejo de matar, violar, agredir...
Um homem de meia idade que vive no subúrbio de Paris e que tem em si marcas de um passado de violência e de desencontros em relações, trabalhos e ideais.

De certa maneira Noé joga com um ponto de vista distanciado, onde podemos apenas odiar ao tipo e vê-lo com escárnio, mas fica um incômodo por detrás, que pra mim me parece que é porque todos temos pensamentos desprezíveis, mas nosso pudor e nossa moral nos impede de externá-los.
Essa intenção fica ainda mais forte quando Noé traz um único momento em todo filme em que não acompanhamos o ponto de vista do protagonista. Aqui, depois dele ameaçar um cara, há uma reação de um grupo, que mostra também toda sua agressividade e preconceito, ou seja, todos ali podem ser tão desprezíveis como ele, se tivermos a oportunidade adentrar suas consciências, talvez façamos descobertas bem desagradáveis...

E assim fica a sementinha pra olharmos pra nós mesmos... Nossos próprios fantasmas e urubus... Uma arte que pode não ser a mais agradável, mas que me parece muito interessante, nobre e instigante do cinema...Voilà!


quinta-feira, 4 de março de 2010

Shutter Island

Pelo trailler já via que não era meu tipo de filme... Suspense, fantasias, Leonardo di Caprio...
Mas impulsionada por uma aula, fui...
Tem certa construção de clima, certa qualidade estética, certo suspense, mas...
Falta tanto...
É daqueles filmes em que a história vai dando voltas e em vários momentos vc se vê pensando: mas quem perguntou isso? Pq tá me contando? Pq agora tá desfazendo tudo que tinha feito? Pq tantas pistas falsas? E pq essa fantasia melosa? Pq certa breguice? Pq esses clichês?

O fundo da história traz uma discussão interessante sobre tratamentos psiquiátricos, aborda pontos fortes e profundos, mas para aí...

O que me plantou foi a sementinha de ler o livro, afinal, o único livro do Dennis Lehanne que li - Mystic River - que eu conheci primeiro pelo filme (por sinal mto bom), e que o livro era ainda superior!... Então, imagino que aqui deva ter coisa muito boa tb...

E tb lembrei mto de um conto sensacional de Gabriel Garcia Marquez: "Só Vim Telefonar"...
Vale mto a pena!!

O que me leva a crer que embora seja um pequeno Scorsese, tb num é de tudo perdido...
Se remar bte, talvez...

quarta-feira, 3 de março de 2010

A Fita Branca

Sentimentos profundos. Personagens densos. Conflitos psicológicos. Filmes transtornados.
Mais uma vez Haneke explora esses elementos de seu repertório e imaginário com maestria.

Aqui um laconismo, uma elegância preto e branca, uma suavidade pesada.
O silêncio que antecede tragédias em filmes de suspense parecem perdurar por esse filme do início ao fim.

Acompanhamos a história de moradores em uma pequena vila alemã na primeira metade do século passado... O cotidiano, a moral, a religiosidade... Tudo ali em pequenos detalhes, de forma simples e ao mesmo tempo tão complexa pra tantas interpretações do sentido pré-guerra de tudo aquilo.

E sim.
Mas não como a tese que tantos querem pregar, mas como o mais puro cinema.
Vale a pena.
Mais uma vez Haneke.



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Invictus


Após um filme com tantas questões construídas de forma envolvente e de humor ácido como Gran Torino, Clint volta a um filme mais dramático e com menos matizes...

História comovente já que real e de um passado tão recente e tocante, mas que não precisava de músicas tão excessivas, câmeras lentas e outros recursos apelativos...

Já bastava o mentor do filme: Morgan Freeman na pele de Mandela, que tem sempre o tom de uma lição de moral e faz isso com tanta destreza...
(quando o filme começou, achei que pela primeira vez fosse ver Freeman como um protagonista, mas não)... Já bastava Matt Damon como um garoto tendo tanto a aprender...
Mas Clint achou que ainda não era suficiente... sublinhou sua própria narrativa e com isso me cansou... (como em "A Troca")

Méritos, sem dúvida, mas falta uma seriedade com mais retitude
(como em "Sobre Meninos e Lobos" ou "Menina de Ouro") ou ainda o frescor, o humor e a graciosidade com que pode construir (como em Gran Torino).

Sigo esperando o próximo e ainda lhe dando muitos créditos!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Deixe Ela Entrar


Antes de entrar na sessão li uma matéria que dizia algo como:
"filme de terror lírico"... Curioso, mas se encaixa muito bem...
Terror sem dúvida não é meu gênero, e há momentos em que ele realmente se fia no gênero. Em alguns desses momentos parece até comprometer o filme com os excessos fantasiosos (e que por falta de recursos técnicos ficam até um pouco toscos), mas o lirismo do filme é bem envolvente... O relacionamento de um garoto e uma garota-vampira... A aproximação que eles vão fazendo, a maneira como seus cotidianos vão sendo contados, o entralaçamento, os aprendizados, o afeto... De fato é delicado, suave, bonito...
Deixemos ela entrar... Não nos tira o fôlego, mas tem sua graça!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"Anti-cristo" do incrível Lars Von Trier


Raro um filme que super me estimule, que eu ache criativo, diferente, inovador...
E, no caso, Lars Von Trier consegue isso comigo SEMPRE!
Por isso o considero um dos maiores nomes do cinema atual, sem medo de falar bobagem...

Posso não gostar de todos os filmes, não achar que eles são os mais prazerosos, achá-los exagerados, mas de qq maneira sempre há qualidades e méritos!
E na maioria das vezes são obras brilhantes, vide "Os Idiotas", "Dogville", "Os Cinco Obstáculos", só para citar alguns...

Em seu último trabalho, "Anti-Cristo", novamente ousadia e irreverência...
Trier inicia o filme com imagens primorosas que dialogam com o uso de imagens pelas artes plásticas... Algo entre o videoclipe, a videoarte, poesia visual total!

Depois entra num filme intimista super psicológico com interpretações mto competentes!

E daí começa a entrar numa viagem mais exagerada...
Q me lembrou mto o Kucrick em "O Iluminado" e David Lynch de maneira geral...

Além disso, nessa viagem zilhões de referências mitológicas e psiqui-psicológicas...
Pra pensarmos em nossos demônios mesmo! Anti-cristo total!

Exageros e distorções a parte, o filme é incrível!

Pra reforçar tudo que já sou de fã e para seguir cada vez aumentando minha idolatria!!!

domingo, 27 de setembro de 2009

Homem que Sabia Demais


Tenho ido pouco ao cinema, e os últimos que vi, sinto que preciso parar e relembrar, digerir um pouquinho antes de escrever...

Enquanto isso, às vezes na ausência da telona, me divirto mesmo com a telinha...

DVDs e filmes no cabo pra mim são mais para rever...
Revejo mto mais do que vejo em premieres...

Mas sábado passado aproveitei que nunca tinha visto esse clássico de Hitchcock inteiro...

Na verdade Hitchcock é uma das minhas heresias cinematográficas, pq não curto mto... Ñ é meu estilo, tipo de filme...
Mas não é que me diverti com esse... Pq uma coisa é certa, o cara sabe como fazer uma história intrigante e se vc cai na dos personagens dele... Aí pronto! Está feita a diversão...

E ali, além de um suspense que envolvia política e culturas diferentes, tinha também o conflito familiar com sugestões de questões interessantíssimas... Como da mulher que abandonou sua carreira para acompanhar a carreira do marido e onde se vê a injustiça e o pesar disso...

Além disso sempre tudo impecável: trilha, cenários, foto... (mesmo com o backprojection hj já tão ultrapassado)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Bem-vindo

Um rapaz curdo que para estar ao lado de sua namorada atravessa vários países na europa e tenta chegar na Inglaterra.
Para isso acaba se aproximando de um homem de meia-idade recém divorciado e cheio de angústias e conflitos; eles acabam se aproximando e compartilhando histórias e pontos de vista...

Vi o trailler e gostei mto, fiquei super interessada, temática profunda, interessante, complexa - ainda mais q ouvi elogias e críticas positivas, mas...

Talvez até por isso tenha ficado com mtas expectativas tb... Mas o fato é que o filme se mantém meio morno: começa envolvente, interessante, mas não progride mto ao longo de seus 110 minutos e no fim ainda traz reviravoltas e desfechos meio exagerados que destoam mto de um tom mais realista e despretencioso do restante (despretensão que harmoniza mto mais com ele, inclusive!).

No balanço se torna um filme acima da média, mas longe de ser um filme memorável...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Horas de Verão

Sem dúvida que é um bom filme: questões profundas, bons atores, sutilezas...
Gosto tb de momentos despretenciosos e menos alinhavados
(por exemplo nas cenas com os adolescentes)
e tb de momentos em que tudo é apresentado meio ao mesmo tempo, em certo tumulto bem realista...

Dá uma verdade e uma profundidade maior ao filme!

Entretanto falta algo...

Vi na Mostra, onde acabo ficando mais exigente com os filmes
(talvez devido à quantidade que vejo e que me dá mais parâmetros)
mas ainda assim, pensando em retrospecto, percebo que nenhumá personagem me cativou mto e acho que isso é essencial...
Dramas com tanto potencial, mas se alguém não faz uma boa apresentação e encadeamento...
acaba deixando o filme apenas bom...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Garota de Mônaco

Falando em cinema francês...
Devido ao encaixe de tempo e espaço fui ver A Garota de Mônaco - daqueles filmes que vc tem alguma simpatia ao ler a sinopse e ficha técnica, mas que tb não chega a nenhuma empolgação...

E não era pra empolgar mesmo... Apesar de alguns bons momentos e de algumas qualidades, o filme deixa muito a desejar...

A história é fraca: um advogado que por conta de um caso vai para Mônaco e passa a ter um guarda-costas. Ao longo de sua estadia também conhece uma jovem com quem começa um relacionamento...

O que não conquista é que não acompanhamos muito nem o caso que ele está defendendo - temos pistas bem rasteiras mas só no fim tudo é dito (e a trama se fosse bem trabalhada seria bem interessante; a relação entre ele e o guarda-costas também fica um pouco no ar, começa muito bem, com várias diferenças e trocas entre eles, mas que no momento em que deveria ficar mais denso, o narrador desiste de contar motivações, conclusões, sentimentos... Ficamos por nossa conta e daí só nos resta conclusões mais pobres e repentinas; com a relação entre ele e a tal "garota" também acontece um pouco isso: ela vai se construindo, se construindo, começa a se problematizar e daí pra resolver vem as soluções mais bobas e primárias...

Com um bom ator, belos cenários, acontecimentos interessantes o filme não chega a desagradar, mas fica numa mornidão bem meia-boca...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Inimigo Público #1










Filme francês de ação:
trama acima da média para o gênero,
bons diálogos,
aspectos técnicos competentes,
bons atores...

Bom filme.

Mas também nada de excepcional,
como um Bourne, mas com menos pirotecnia...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Há Tanto Tempo que te Amo - Philippe Claudel

Drama psicológico forte, denso, profundo! Estréia do escritor Philippe Claudel na direção, se atreveu a fazer uma trama em um dos meus gêneros preferidos e que há alguns meses não me dava um exemplar tão bom!

A história de uma mulher que está saindo da prisão após 15 anos e que está voltando à vida em sociedade. Sua volta se dá a partir da acolhida na casa de sua irmã. Seus motivos, suas dores, seus segredos, suas redescobertas e a convivência com todo o círculo de relações da família da irmã, com sugestões de outras relações e conflitos muito ricos tb é o que acompanhamos por duas horas.

(esses outros conflitos são algo que tb adoro, pois são pontas soltas, variedade de pontos de vista e situações, que nos aproximam mais da vida real... ñ é um recorte falso e providencial...)

E a construção lacônica, misteriosa e truncada da protagonista é o que vai fazendo com que o interesse seja despertado pouco a pouco.
Aproximamos nosso olhar daquela figura misteriosa, ora repulsiva, ora atraente.
As atuações são decisivas para isso: Kristin Scott Thomas está muito bem no papel, lembrando divas do cinema como Isabelle Huppert e Catherine Deneuve.

E aos poucos a trama vai sendo revelada, desde suas personalidades, suas vivências... Até chegarmos ao fato central que é profundo, complexo, ambíguo e extremamente comovente.

Filme muito bom e que chama atenção principalmente em tempos de escassez de qualidade...

Divã

Vi o filme como material de pesquisa e tb por curiosidade especial pelo cinema nacional - seus experimentos e tentativas.

Por conta de circunstâncias, vi em DVD (o que raramente faço, pois gosto que minha primeira experiência com o filme seja de forma mais plena. DVD é bom para rever!).


Mas, no caso, confesso que fiquei feliz, teria sido um desperdício ir ao cinema para ver uma trama tão novelesca, com uma seqüência tão grande de caricaturas e clichês!
Se salva uma outra ou outra piada, um ou outro comentário. Para mim, nem mesmo a atuação de Lilia Cabral, que foi bem falada, passa...

Tudo me soa mesmo como sitcomzinha barata...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Apenas o Fim - Matheus Souza



Independente do que ache do filme, a iniciativa é bem bacana!

Filme feito com uma idéia na cabeça, uma câmera na mão e amigos ao redor...



O elenco está bem, algumas saídas simples e funcionais de cenário e recursos (parcos e que fazem falta na qualidade das imagens - inclusive há tentativas de drible com alguns momentos de "brincadeiras" de linguagem, como cortes na tela, repetições de quadro, etc, mas que destoam do resto e não levam a lugar nenhum...)

Sinto referências interessantes como Antes do Amanhecer / Pôr do Sol de Richard Linklater, que tb me inspira mto pela simplicidade, despretensão, intimismo e sensibilidade...


Me lembra de leve filmes do Rohmer, filmes de Woody Alen, Jorge Furtado, ou seja, filmes D.R.: em Apenas o Fim o casal segue em uma longa conversa-despedida, onde apresentam suas diferenças, afinidades, personalidades, lembranças, planos... Diálogos agradáveis, saborosos, às vezes banais demais...

Tudo para sair aplaudindo, mas falta algo... Emoção!

É uma despedida, mas não há emoção e isso acaba esvaziando mto tudo que acontece, até mesmo os diálogos que são tão charmosinhos...

Faltou se debruçar mais sobre Antes do Amanhecer e estudar a curva de emoções do casal...

Ali, tb há uma despretensão e não há casos de vida ou morte, mas o fato do casal não se conhecer cria emoções que vão da curiosidade inicial, passa pelo jogo de sedução, entrega, questionamentos, esperanças, expectativas até a aflição de uma despedida...

Apenas o Fim fica numa certa mornidão que acaba esgotando a simpatia e o bom humor com que tudo é tratado, nos fazendo nos perguntar se não seria melhor que fosse um curta...

E uma pena, pois com uns cuidados a mais isso não aconteceria...

Aguardemos então o próximo passo do novato e promissor diretor Matheus Souza!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Paris


Famílias, amores, sentidos de vida, amizades, relações com uma cidade...
Paris!

As tramas até são interessantes, mas não se adensam muito e perdem um pouco da sua força e fôlego ao longo do filme...

Bom elenco, certo ritmo, qualidades técnicas, mas sem nenhum algo mais...


ps: de qq maneira interessante ver um filme de temas maduros depois dos juvenis Albergue Espanhol e Bonecas Russas, do diretor... Mesmo porque começou bem com Albergue, mas decaiu mto bom Bonecas...

terça-feira, 7 de julho de 2009

De Repente Califórnia

Falta de opção, filme na brecha de horário em que tinha, vamos lá...
Uma certa perda de tempo ter ido,
mas que me renderam algumas reflexões:
Antes de entrar na sessão li "O.C. gay",
com referência ao seriadinho adolescente...
Na mosca! Um romancezinho de adolescentes, com interpretações caricatas, musiquinhas pré-adolescentes, trama simplória e ligeiramente maniqueísta, fotografia sem graça e por aí vai...


Se o filme tem algum diferencial é que com toda a mesmice que tem, surpreende que o casal protagonista seja gay...

E daí a observação: vi esse filme no Espaço Unibanco,
mesmo ele sendo digno de um Cinemark...


Uma crítica feroz aos dois espaços e aos dois tipos de público: ao Cinemark e seus freqüentadores por não se julgarem prontos pra ver relações homossexuais de olhos abertos e ao Unibanco, por achar que um filme pode se bastar com alternativo simplesmente por ter relações homossexuais...

Se o filme tem algum ponto positivo por existir, por usar uma linguagem mais popular com um romance homossexual, a maneira como foi lançado (ao menos em sp) distorce qq mérito possível...


(por outro lado, essa continua sendo uma conquista que vejo e que me orgulho de vivenciar em nossa sociedade nos dias de hj... a revolução sexual do século XXI: uma maior aceitação da homossexualidade e que ganha espaço a cada dia...)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Partida













Boa trama, original, interessante, assuntos densos...

Um violoncelista que vai trabalhar em uma agência funerária e tem seu casamento e suas relações familiares questionadas por isso: ótima premissa!

E boa condução tb, mas há um certo desequilíbrio oriental:
ora há a delicadeza, laconismo, minimalismo (que me instigam e agradam mais)
e ora há uns excessos de comicidade e sentimentalismo
(lembro qdo vi trechos de uma série japonesa um tempo atrás e fiquei horrorizada com a semelhança com o tom mexicano de exageros)

E A Partida às vezes dá essas derrapadinhas... Tá numa trama dramática e de repente quer fazer humor físico com seus personagens, colocando caretas estranhas e excessivas, ou qdo tá se encaminhando pro final, momento em que vc está super envolvido e instigado e que aí é interrompido por um momento musical que é quase um clipe - uma grua que fica passeando, dando voltas e mais voltas no protagonista... Acabo me afastando um pouquinho com isso...

Mas ainda assim, os méritos se sobressaem! Principalmente em tempos de filmes meia-boca, valeu a pena!!!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os Falsários










6o filme nazista do ano...

História boa, mas confesso que já não sinto mais qq frescor no tema...

Ainda que desses filmes, cada abordagem tenha sido super específica e sem mtas semelhanças entre si...
Neste caso uma história bem específica...
Um falsário que é aproveitado pelos nazistas para fazer trabalhos mais específicos do que os habituais de campos de concentração...

No fim, acaba se revelando um momento e um projeto bem pontual e de extrema relevância em toda história da 2a guerra...

Além de ser um filme muito competente com destaque para um elenco primoroso e uma belíssima trilha sonora...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Gran Torino - Clint Eastwood

Tiro meu chapéu a diretores que trazem universos, visões de mundo e uma moral tão diferente da minha (e não necessariamente de uma maneira positiva), mas que ainda assim me prendem, me divertem e me instigam...

Não sou uma grande conhecedora de Clint Eastwood, já que não gosto de faroestes e afins, mas em filmes recentes, Clint realmente me pegou...
Desde a adaptação do maravilhoso livro de Dennis Lehane - Sobre Meninos e Lobos, em que ele faz um filme complexo, contundente, cheio de sentimentos e ainda assim com a secura e concisão típicas dele!

O seguinte, Menina de Ouro, é novamente um primor de manipulação de sentimentos: ele te envolve em um universo de uma menina que quer vencer no boxe (o que em si já é algo que naturalmente não me atrairia nem um pouco) e no meio do filme subverte o próprio filme e aborda a questão de uma história de amor diante da dúvida e da angústia da eutanasia.

Depois os elogiados filmes sobre Hiroshima (Cartas de Iwo Jima - bom, mas durão demais pra mim e A Conquista da Honra - que acabei não vendo).

Um tropeço com A Troca, que é bem mais fraco
e uma volta triunfal em Gran Torino!

Demorei pra ver e já não sabia bem o que esperar diante de comentários entusiastos e mornos...
Mas me diverti muito, tanto por ver a caricatura que Clint faz de si mesmo tão bem construída, como por conseguir alcançar um além desse personagem... Dá pra se aproximar e entender um pouquinho dessa figura durona vinda dos "bang-bangs"...
E ver o tema dos estrangeiros nos Estados Unidos, dos contrastes de culturas, dos choques, das brigas, das gangues... (representado principalmente por excêntricos e simpáticos "chineses")

Do bang-bang ao gang-gang, Gran Torino é um filme que vale a pena!