Wim Wenders é um dos cineastas contemporâneos mais importantes. Na sua filmografia há obras-primas como Asas do Desejo e Paris Texas - já comentado aqui.
Nos últimos anos Wenders tem se dedicado mais a investigações, sejam temáticas expressas em documentários como Buena Vista Social Club, Pina ou o Sal da Terra - também comentados aqui.
Ou em experimentações de linguagem, por exemplo a exploração do 3D.
Em seu filme mais recente Wenders explora o 3D, mas numa construção simples (ou simplória): a adaptação de um texto teatral, no qual um homem e uma mulher contracenam conversando em um jardim: Os belos dias de Aranjuez.
Dessa simplicidade vem momentos bonitos, reflexões interessantes, com pitadas de poesia e lirismo.
Mas vem também o questionamento se o cinema era mesmo a melhor janela para se contar essa história...
O que terá acrescido à narrativa não ter sido uma nova versão de Fragmentos do Discurso Amoroso de Roland Barthes ou mesmo a peça de teatro de Peter Handke, da qual Wenders partiu.
Justamente o que parece faltar à trama é a tridimensionalidade que o audiovisual permite.
Afora parênteses da narrativa principal (três momentos musicais que suspendem a narrativa e trazem um respiro e contraponto), o filme segue linear e verborrágico.
Há romance, há filosofia, há a discussão sobre desejo, paixão, amor, descobertas, masculino x feminino, mas tudo parece condensado, confinado, limitado, quase confinado.
O oposto do que vemos em suas grandes obras, que a partir de uma cena, podemos ser levados a infinitas dimensões...
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