terça-feira, 11 de abril de 2017

Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake) - Ken Loach


Ken Loach é um dos cineastas mais admiráveis de nossos tempos: numa filmografia permanente, constante, comprometida e sensível.


É um dos raros que consegue nos surpreender e elucidar com análises socioeconômicas, ao mesmo tempo que nos aproxima de personagens humanas, com poesia, delicadeza, humor e muito, muito amor.


Seja em filmes mais triviais e divertidos como Tickets, À Procura de Eric ou À Parte dos Anjos - já comentado aqui.


Seja em filmes históricos como seu segmento em 11 de Setembro ou Ventos da Liberdade.

Seja em romances como Apenas um Beijo, que além de uma história de amor com pitadas de Romeu e Julieta adaptados a tempos contemporâneos, em que o par é formado por um imigrante paquistanês muçulmano e uma professora católica irlandesa que vivem as impossibilidades dessa união.


Ou ainda em grandes dramas intimistas como Meu nome é Joe, Rota Irlandesa - também presente no blog - e sua ficção mais recente: Eu, Daniel Blake.


Aqui acompanhamos a trajetória de um homem de cerca de 60 anos, que tem um problema de saúde e precisa se afastar do trabalho, entretanto o Estado não aceita essa justificativa e lhe nega os benefícios.

Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.
Arriscar a saúde e garantir sua sobrevivência ou seguir as recomendações médicas sem condições?


Sua luta é em busca de alternativas, que o capitalismo parece diminuir cada vez mais. 

O antagonista aqui não é uma pessoa, mas o "sistema". O "sistema" que cai quando preenchemos fichas, o "sistema" que diz se temos esse ou aquele perfil, o "sistema" que diz que não nos encaixamos nele.

Em contraponto está o protagonista, Daniel Blake, esse senhor que sem heroismos ou grandes atos, vive seu cotidiano com extrema dignidade, e com polidas, mas intensas demonstrações de afeto.


Assim, em seus percalços conhece outras pessoas e se relaciona com elas, espalhando sua ética e compaixão.

Um exemplo: de personagem, de ser humano, de filme (justamente reconhecido e premiado - Cannes 2016).


Falta agora buscarmos saídas e finais felizes, para esse drama que vemos na tela e em nosso dia-a-dia.

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