O diretor Andrew Jarecki teve a oportunidade de se deparar com um material incrível envolvendo um julgamento de uma família nos EUA resultando no excelente documentário Na Captura dos Friedmans.
Uma aparentemente típica família suburbana americana: pai professor, mãe dona de casa, três filhos, estabilidade, casa com jardim, férias em casa de veraneio, uma VHS para registrar os "momentos felizes".
(e bem típica se pensarmos em filmes de Larry Clark, Gus Van Saint, Todd Solondz etc).
E de repente tudo começa a mudar... O pai é acusado de pedofilia e começa um longo processo de investigação.
E nos EUA mais do que em qualquer outro lugar, essas investigações propiciam comoções desproporcionais. Uma verdadeira histeria se instala na região e o caso foge ao controle.
O pai termina sendo acusado de mais de 200 abusos e seu filho também.
Mas quais são os fatos verdadeiros dessa história? Existe uma única verdade? Quem são os culpados? Culpados de que?
O filme vai pouco a pouco apresentando as personagens dessa família e mostrando diferentes facetas e nuances. Aquele que é o "bandido" também já foi a "vítima".
Aquela que é a "mãe má, injusta e egoísta", também é a "esposa traída, acuada e solitária".
Aqueles que são os "palhaços" também são os "depressivos".
Muito mais do que um filme sobre o julgamento, é um filme sobre a relação dos envolvidos com o caso, suas reações, seus sentimentos, seus pontos de vista...
Infinidade de reflexões possíveis, sentimentos complexos e ambíguos e diversas interpretações possíveis.
Filme riquíssimo e em formato ímpar, mas cada vez mais possível, já que as pessoas cada vez mais terão registros audiovisuais de suas vidas e possibilitarão filmes densos como este.
Outro exemplo em tom completamente diferente (poesia levada ao extremo): Elena, da jovem brasileira Petra Costa, também comentado aqui.
E que venham novas experiências similares para nos colocar em cheque e fazer valer o conceito de cinema documental!
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