O filme começa falando de Elena, irmã da diretora-narradora. Desde suas primeiras aspirações artísticas na infância e adolescência.
Até a busca das artes em sua vida de maneira mais profunda e planejada, e por isso mais desafiadora e ameaçadora.
Mas quem fala é principalmente a irmã, Petra, a nenê que nasceu e foi cuidada por uma menina Elena; que cresceu brincando (e fazendo de contas) com uma Elena adolescente.
E que depois se viu sozinha e perdida após a sua morte. E que hoje, se tornando mulher, buscando sua maturidade, busca um caminho próprio, em que as reflexões sobre a irmã são importantes.
Muito mais do que um filme sobre Elena e sua morte, é um filme sobre uma busca pessoal por um ente querido que partiu. A dissociação do que vai e do que fica, o processo do luto, a incompreensão, a dor eterna, a nostalgia.
Reflexões transcendentais...
Reflexões transcendentais...
Petra é extremamente corajosa na exposição que faz de si e de sua família, sentimentos profundamente íntimos se transformando em arte, pulsando dentro daqueles que assistem ao filme.
Essa exposição é propiciada por um arquivo audiovisual importante da família: vídeos caseiros, fotos, recortes de jornal, cartas, desenhos...
Tipo de filme com o qual teremos cada vez mais chance de nos deparar.
Filmes não apenas experimentais como de videoartistas como Regina Silveira, Cao Guimarães, Kiko Goifman e tantos outros. Mas filmes em estruturas de maior diálogo e construídos em estrutura de ficções.
Como o exemplo maravilhoso Na Captura dos Friedmans, um documentário dramático que tenta investigar a acusação de um crime visto de dentro do caos familiar dos envolvidos, já comentado aqui.
Elena não se foca em ações, não quer investigar os fatos, mas os sentimentos. E é assim que traga o espectador, o coloca do lado de dentro da dor e faz intuir as dimensões imensuráveis da morte.
Difícil até saber o que poderá ser criado artisticamente por Petra após uma experiência tão visceral. Mas sem dúvida há tantas qualidades, que talvez o filme seja o processo do luto em uma libertação para a vida e outras obras com novos temas e mesma sensibilidade.
Filme imperdível. Experiência verdadeiramente ímpar, não percam.
** palavras de Juliano Garcia Peçanha para dialogar com a poesia do filme **
Juliano Garcia Peçanha: seu poema e o texto me fizeram sentir como sentíamos naqueles tempos, memórias consoláveis sim!
ResponderExcluirgrata, Lian