O inglês Terence Davies começou sua carreira como ator nos anos 60 e no final dos 70 começou a se arriscar na direção.
Seus filmes não são muitos conhecidos, mas Amor Profundo chega agora com certo destaque.
O filme começa com lindas imagens e trilha, em uma contundência poética impressionante.
E a poesia e sentimentos parecem ser mais forte na trama do que os fatos propriamente.
Baseado em peça de Terence Rattigan, o filme conta a história de uma jovem que se vê dividida entre o marido que lhe dá carinho estabilidade e confiança ou o amante, que lhe faz sentir o fervor da paixão em seus lados positivos e negativos.
Baseado em peça de Terence Rattigan, o filme conta a história de uma jovem que se vê dividida entre o marido que lhe dá carinho estabilidade e confiança ou o amante, que lhe faz sentir o fervor da paixão em seus lados positivos e negativos.
Mas o filme trabalha numa temática intangível, não são os fatos, mas os sentimentos que estão presentes, e de maneira etérea e realmente profunda.
Faz lembrar outros romances que não adensam tanto na psicologia, mas numa representação de sentimentos, pensamentos e sensações, como o ótimo Foi Apenas um Sonho - adaptação de Sam Mendes para o belo romance de Richard Yates - já comentado aqui.
A semelhança se dá também no tom das protagonistas. Kate Winslet está extremamente bem em Foi Apenas um Sonho, contida, densa, madura, dando à sua beleza uma profundidade.
O mesmo se dá com Rachel Weisz aqui. A atriz diz em seus silêncios, emociona em seus olhares e é precisa em seus gestos, mesmo quando arrebatados, inseguros, descontrolados.
Outra semelhança entre os filmes é a época em que se passa: os anos 50. Amor Profundo trabalha o clima de pós guerra da Inglaterra em 55 e tem um trabalho estético apurado nesta reconstituição.
Não tanto pela arte de adereços e figurinos, mas mais pela fotografia, em tons e filtros que se assemelham à ficção produzida nesta época.
A crise da personagem e seu amor profundo - ou seu profundo mar azul - talvez se estendam um pouco excessivamente no filme, certos diálogos e gestos se repetem um pouco, e certos esteticismos (foto, som etc) parecem afetação.
Mas o que fica do filme é mais um clima, uma dor, questões de paixões, amores, separações - tão difíceis de se retratar fora do novelesco e do clichê, e por isso tão louváveis quando vem com vigor e frescor.
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