Falando nas experimentações dos irmãos Taviani em César deve morrer - recém comentado aqui,
impossível não pensar em Eduardo Coutinho, um dos principais nomes do documentário brasileiro, com uma diversa, volumosa e representativa produção.
Desde suas incursões na televisão dirigindo episódios de Globo Repórter, passando pelo clássico Cabra Marcado para Morrer até os filmes de sua última fase como Santo Forte e Edifício Master.
Nos seus últimos filmes, além de entrevistas feitas dentro da dinâmica bem particular e exemplar de Coutinho, na qual ele consegue estabelecer uma distância com seu entrevistado, mas com espaço para o calor e o sentimento, ele também vem apresentando instigantes experimentações em linguagem.
A premissa do filme é trazer histórias de mulheres (a maioria falando sobre família e amor - relações com a maternidade e com os pais) e reinterpretá-las nas vozes de atrizes.
Esse "jogo de cena" vai muito além do jogo, nos incita à reflexões profundas sobre a verdade - desde a veracidade de uma interpretação, em um questionamento metalinguístico, até a reflexão sobre a verdade dos sentimentos, sobre o que pode estar escondido por trás de relatos muitas vezes corriqueiros e aparentemente banais.
Nada em Jogo de Cena é banal ou aleatório. Cada fala e cada ordenação de depoimentos nos leva a um crescente dessa vertigem entre o real e o imaginário, o documental e o fictício.
A construção de personagens vistas de dentro e de fora, seja no processo de uma atriz ou de realização de um documentário. Aliás, Jogo de Cena explicita a razão de chamarmos de personagem as pessoas criadas em filmes de ficção ou nas pessoas reais apresentadas em documentários.
Ao contrapor os mesmos depoimentos (ditos pelas pessoas reais e por atrizes) podemos refletir sobre como se dá a edição de um documentário e como se constrói um personagem.
A construção de personagens vistas de dentro e de fora, seja no processo de uma atriz ou de realização de um documentário. Aliás, Jogo de Cena explicita a razão de chamarmos de personagem as pessoas criadas em filmes de ficção ou nas pessoas reais apresentadas em documentários.
Ao contrapor os mesmos depoimentos (ditos pelas pessoas reais e por atrizes) podemos refletir sobre como se dá a edição de um documentário e como se constrói um personagem.
Vendo e revendo o filme podemos descobrir detalhes a partir da fala de Marília Pera sobre como se dá o choro na vida real e na ficção e o depoimento que vem a seguir.
Ou o constrangimento e dificuldade de Fernanda Torres ao recontar a história de uma das depoentes.
Ou ainda o depoimento final, no qual a depoente tem consciência de sua imagem criada e tenta reverter essa construção.
(o que tenta fazer através de uma música, parecendo a semente de seu outro projeto - As Canções - já comentado aqui).
Tudo se torna parte dessa poderosa narrativa, construída de maneira bastante inovadora e por isso tão estimulante!
Vida longa ao mestre Coutinho!
É muito bom!
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