Raras são as iniciativas mais experimentais no cinema contemporâneo. E quando a experimentação vem com maturidade e densidade nos instiga, nos encanta, nos tira aplausos calorosos!
Com uma trajetória de cerca de 60 anos e diversos títulos como a obra-prima Pai Patrão, a parceria desses talentosos irmãos nos traz dessa vez uma verdadeira experiência.
Eles partem da ideia de remontarem a peça Júlio César de Shakespeare, porém com detentos em um presídio próximo à Roma. O registro desse processo se torna um misto de documentário e ficção - e muito mais!
Nos envolvemos com as personagens, ora como personagens históricos de Roma, ora como personagens shakespereanos, ora como suas reais personas e ora de um modo ainda mais profundo...
Vemos no decorrer da trama reflexões que vão sendo suscitadas pela vida que imita a arte e pela arte que imita a vida e uma mescla infinita de conflitos.
Vemos no decorrer da trama reflexões que vão sendo suscitadas pela vida que imita a arte e pela arte que imita a vida e uma mescla infinita de conflitos.
Muito mais do que um filme sobre o assassinato de Júlio César por Brutus, o filme traz questões políticas, éticas e profundamente humanas: o desejo de poder, a culpa, o perdão, a perda de rumo na vida, o vazio existencial...
Antológica a cena em que os detentos ensaiam no pátio do presídio durante seu banho de sol sob a presença, comentários e intervenções de diversos colegas que assistem das janelas de suas celas, resultando em um diálogo multitemporal e multifacetado.
Sem julgamentos ou pretensões paternalistas, tão típicas desse tipo de proposta.
E sublime a conclusão com a reação de um dos detentos após a apresentação final da peça, pensando o que vai ser da vida dele após essa experiência, após tudo que lhe foi suscitado...
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