Com uma carreira já consolidada e consagrada, Tarantino cada vez mais sedimenta sua linguagem e estilo.
Desde os primeiros filmes, como Cães de Aluguel e Pulp Fiction, Tarantino explora tramas policiais intrigantes, com cenas de ação e violência eficientes e diálogos extremamente criativos, combinando as pistas das tramas policialescas com comentários corriqueiros e divertidos.
(como na inesquecível cena de bandidos em fuga discutindo lanches do Mc Donald´s em Pulp Fiction).
(como na inesquecível cena de bandidos em fuga discutindo lanches do Mc Donald´s em Pulp Fiction).
De lá pra cá, Tarantino foi se aprimorando, ora mais na diversão e exagero como Um Drink no Inferno e o recente À Prova de Morte - já comentado aqui.
Ora rebuscando mais suas personagens e explorando mais suas referências trashes como em Kill Bill.
Um aprimoramento, a cada filme, no ritmo envolvente, dado não só pelos atores, mas também pela montagem e pela excelente seleção musical.
Ora rebuscando mais suas personagens e explorando mais suas referências trashes como em Kill Bill.
Um aprimoramento, a cada filme, no ritmo envolvente, dado não só pelos atores, mas também pela montagem e pela excelente seleção musical.
Recentemente Tarantino começou a se basear em situações reais para fazer críticas irônicas a momentos delicados e polêmicos.
Em ambos há roteiros muito bem elaborados que combinam fatos reais com ironia fina e mordaz contra tipos verídicos e personagens ilustres da época - junto a personagens fictícias, carismáticas e sedutoras!
Um trabalho estético de época e construção de exageros ficcionais inspirados pelas referências trash do cineasta (como o característico sangue em jorro).
Um trabalho estético de época e construção de exageros ficcionais inspirados pelas referências trash do cineasta (como o característico sangue em jorro).
Assim, Django não demonstra preocupações com suas imperfeições históricas. Sem dúvida que partir de fatos verídicos dão a Tarantino a possibilidade de olhar e comentar momentos reais, mas sua atenção é menos com a fidelidade do que com a ironia e a brincadeira.
Django tem um olhar duro contra tiranos, mas satiriza também as vítimas envolvidas. Tem uma leveza bem humorada e um descompromisso que pode inclusive ser condenado.
Muitas vezes até equivocadamente, já que sua proposta não é de grande profundidade documental. Mas nem por isso isento de responsabilidade no que há dito. Seria ingenuidade ou hipocrisia se abster da ação de tocar em fatos delicados da História recente e banalizar a tal ponto a violência e os envolvidos.
(Lembrando Tropa de Elite, de Padilha, comentado aqui, que também explora fatos reais transpostos num filme de ação com personagens fictícios, carismáticos e por isso tão perigosos em sua influência).
Em nome de tramas sobre vinganças, Tarantino cria personagens rasos e irresponsáveis, que podem nos deleitar, mas também contribuir em incentivos maléficos.
No final, o saldo de um filme interessante, bem construído, que pode ser divertido, mas que pode despertar perigos e críticos mais revoltados (como Spike Lee que fez ácidas declarações sobre o filme).
De qualquer maneira Django merece ser visto, independente do partido que se tome...
Muitas vezes até equivocadamente, já que sua proposta não é de grande profundidade documental. Mas nem por isso isento de responsabilidade no que há dito. Seria ingenuidade ou hipocrisia se abster da ação de tocar em fatos delicados da História recente e banalizar a tal ponto a violência e os envolvidos.
(Lembrando Tropa de Elite, de Padilha, comentado aqui, que também explora fatos reais transpostos num filme de ação com personagens fictícios, carismáticos e por isso tão perigosos em sua influência).
Em nome de tramas sobre vinganças, Tarantino cria personagens rasos e irresponsáveis, que podem nos deleitar, mas também contribuir em incentivos maléficos.
No final, o saldo de um filme interessante, bem construído, que pode ser divertido, mas que pode despertar perigos e críticos mais revoltados (como Spike Lee que fez ácidas declarações sobre o filme).
De qualquer maneira Django merece ser visto, independente do partido que se tome...
Oi Q! Sabe que eu não sabia que vc tinha esse espaço aqui? Ou tinha esquecido...
ResponderExcluirNão acho Django um filme irresponsável. Tarantino vem aqui numa mesma onda que seu filme anterior: fazer vingança histórica pelo cinema. No anterior mata Hitler e nesse alguns "Senhores de Engenho".
Discutindo a vingança, é uma vingança cega, e extremamente divertida, porque caricata e brincalhona. Tudo está ali para ridicularizar o tirano e super-valorizar o herói. Há uma certa dimensão de "fábula", que tenta reverter um acontecimento histórico, sem grande seriedade e ponderação.
Mesmo que lúdico, toca na ferida histórica e a esgarça. E porque lúdico, não incentiva um olhar raso sobre a história; mas incentiva que se olhe para a história da escravidão nos EUA; que se olhe sobre a desvalorização do negro na sociedade; que se questione preconceitos. E acho que isso é muito saudável.
Não acho que o Spike Lee possa desconsiderar o filme sem nem assisti-lo. Beijo!