O experiente, talentoso e consagrado diretor Michael Haneke, autor de obras como o maravilhoso Professora de Piano, Caché, e Fita Branca (comentado aqui), este que o fez ganhar a Palma de Ouro de Cannes.
E agora repetindo o feito com seu novo filme: Amor (também vencedor do Globo de Ouro e forte candidato ao Oscar de filme estrangeiro 2013).
Haneke sabe captar dores, angústias, traumas muito intimistas e ao mesmo tempo universais. Sabe reconhecer os conflitos de nosso tempo vividos cotidianamente no interior dos lares...
Em um tempo com cada vez mais expectativa de vida - o que já acontece há bastante tempo na Europa - os conflitos associados à longevidade se tornam cada vez mais presentes e cada vez mais retratados no cinema.
(como os recentes Os Intocáveis, E se vivêssemos todos juntos? e O amor não tem fim, já comentado aqui).
Questão que parece também atormentar Haneke, mostrando o cotidiano do casal octagenário Anne e Georges: a vida pacata com passeios culturais, refeições, conversas, projetos, lembranças...
O cotidiano envolvido com o adoecer, pequenas ações, pequenas dificuldades, a perda de autonomia de um ser humano, sua dependência, sua vergonha, seu sofrimento...
(O filme dialoga bastante com o excelente Parada em Pleno Curso do também alemão Andreas Dresen).
(O filme dialoga bastante com o excelente Parada em Pleno Curso do também alemão Andreas Dresen).
Haneke é seco e pesado, não traz nenhum alento e mostra com um realismo bastante cru, talvez um pouco so(m)brio demais, mas nada inverossímil.
Talvez invernal demais: a fotografia e a arte são sempre cinzentas; talvez sisudo demais: as personagens são cerimoniosas e sérias;
Talvez com alívios de menos: o filme tem elipses e cortes que sempre privilegiam a dor da história, nunca risos e descontração, ao contrário, a montagem e a decupagem elegantemente nos levam à contração.
Talvez com alívios de menos: o filme tem elipses e cortes que sempre privilegiam a dor da história, nunca risos e descontração, ao contrário, a montagem e a decupagem elegantemente nos levam à contração.
Aqui, como em seus outros filmes, Haneke não apela para a emoção, seu pesar pesa mesmo. O amor incondicional que apresenta é bonito e triste e excepcionalmente interpretado pelos consagrados Emmanuelle Riva, Jean-Louis Trintignant
e Isabelle Huppert.
e Isabelle Huppert.
Apesar de situações semelhantes, não tem a emoção do artigo de Eliane Brum, nem a poesia de Kiarostami em Like someone in love ou de Hanami - Cerejeiras em Flor de Doris Dörrie (já comentados aqui) mas tem muito amor!
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