As narrativas de Fellini são comumente construídas a partir de esquetes, de cenas representativas, alegóricas e, nesse caso, de homenagem.
Encantado pela magia do circo, Fellini reconhecia no cinema a possibilidade de sua sétima arte como palco para os mesmos encantos...
As personagens, as máscaras (narizes vermelhos ou olhos maquiados - vide Giulietta na cena final de Cabíria), a comédia, a fantasia, o faz-de-conta, os Palhaços...
Aqui vemos a reconstrução de quadros circenses filmados com pretexto de lembranças e considerações do próprio Fellini e de uma reportagem para homenagear grandes nomes da arte do circo.
Assim, entrevistas com importantes palhaços europeus dão o tom de reverenciamento, mas também de melancolia...
(o que é frequente ao se falar do circo, grande arte e entretenimento de décadas atrás e agora em substituição e decadência, como trabalha também Selton Mello em seu último filme, já comentado aqui).
Acaba ficando no filme um tom de um tempo que se foi (e não volta mais?), de palhaços que estão esquecidos, aposentados, sem brilho...
Fellini reconstrói cenas e ressuscita grandes artistas, mas também deixa no ar o questionamento de até onde se tem fôlego para que essa chama permaneça!
(Já que na cena final com uma longa reconstrução de um quadro circense, um dos palhaços precisa se sentar para se recompor).
Que permaneça o circo, que permaneça Fellini!
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