Microcosmo da sociedade a bordo de um navio. O funcionamento de um grupo artístico, o posicionamento das pessoas da alta classe frente a outras classes... A atitude, os gestos, as máscaras... E la nave va...
Por um trajeto tido como romântico, rumo às margens de uma ilha, para deixar as cinzas de uma cantora.
Os "colegas" da cantora estão ali (ex-companheiros de trabalho, futuras possíveis substitutas etc...).
Está também o jornalista que serve como espécie de narrador do filme (figura comum entre os filmes de Fellini). E para representar as outras classes estão oficiais e os trabalhadores do navio.
O foco se inicia nos artistas, entre os quais tudo parece calculado e artificial, muita pompa e gestos meticulosos, e olhares e palavras onde se vê falsidade e interesses ocultos.
Há jogos implícitos que acabam tendo seu rumo desviado quando o navio abriga sérvios, refugiados de guerra. Questões como preconceitos, paternalismos e desigualdade são levantadas...
Eles ao mesmo tempo trazem um naturalismo (com necessidades mais reais, como a fome e o frio e de expressão artística mais autêntica e espontânea, produzindo música como extensão de seus sentimentos). Essas atitudes se chocam com a dos artistas em suas ações mecânicas.
A discussão de classe também se aprofunda, principalmente quando o navio começa a ser atacado e sofre a ameaça de afundar...
Muitas metáforas possíveis desde as mais visíveis lutas de classe, passando por metáforas de guerra, revoluções sociais, sistemas políticos... Símbolos para o capitalismo, movimentos operários... O mundo em seu microcosmo que "vai"...
Cumprir ou descumprir seus propósitos (jogando cinzas ao mar ou afundado)...
Muitas camadas e muitos mergulhos possíveis, um oceano felliniano podendo ser desbravado...
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