sexta-feira, 20 de abril de 2012

Homens e Deuses (Des hommes et des dieux) - Xavier Beauvois


Xavier Beauvois iniciou sua carreira no cinema como ator, participando, por exemplo, do ótimo e sensibilíssimo Ponette, de Jacques Doillon


Como diretor começou com curtas nos anos 80 e, a partir dos anos 90, estreia na direção de longas.

Em 2010 lança Homens e Deuses.

Baseado em fatos reais, de monges católicos que viviam em região conflituosa na Argélia e se veem em meio a conflitos políticos e religiosos, no meio de um fogo cruzado entre fanáticos muçulmanos, guerrilheiros, soldados do exército...

A questão do filme é o posicionamento desses monges, seus princípios (e não restritamente religiosos, ou: religiosos mas da maneira mais abrangente e profunda possível).

Valores de solidariedade, justiça, compaixão, piedade, tolerância, respeito, generosidade... E que aproximam suas ações religiosas de ações políticas e sociais.

Além de serem monges, são homens, com todas suas fraquezas e dúvidas, que buscam uma maior harmonia com o mundo, que se conectam - ou se re-ligam - com a paisagem do local, a natureza, as pessoas, suas dores, suas crenças, sua humildade...

O filme acaba trazendo uma poesia e "transcendalidade" através desses gestos tão bonitos, ao mesmo tempo simples e cerimoniosos, com um tom sacro dado principalmente pelos belos cânticos católicos.

Belo roteiro, excelente elenco, bonito e simples tratamento de som e imagem.

Os momentos de contemplação para uma natureza tão bonita e de contemplação para o terror dos acontecimentos faz lembrar o excelente Antes da Chuva do macedônico Milcho Mancheski.

Principalmente nas passagens entre o
                           jovem monge e a fugitiva do vilarejo.

Faz lembrar também das angústias passadas por Frei Tito em Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, embora com um tom mais terreno e verborrágico, que não marca pelo tom mais transcendente almejado ao final, mas pelos momentos mais reais e audíveis.

Homens e Deuses, ao contrário, ecoa por seu silêncio, como uma prece de duas horas que nos faz refletir profundamente sobre nossos desejos, nosso olhar ao próximo, nossos sonhos, metas, crenças.

Nos faz refletir sobre a ligação com o mundo desses monges, mas também a nossa própria maneira de nos re-ligar ao que está dentro de nós e ao nosso redor.

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