Hj revi o longa de estréia de Lucrecia Martel...
Novamente impactante, com força e frescor...
Uma família em férias em uma casa de praia, a decadência de cada um, o caos do coletivo, a pequenez e perdição de cada um e tb a possibilidade das profundidades por trás...
Mais que a idéia e a trajetória da narrativa, o que fica é a qualidade da representação: os diálogos naturalistas, todos ao mesmo tempo, sem ordem e sentido organizados; o mesmo com a caracterização dos personagens, tantas vezes mesclados, tantas vezes sem se saber as relações exatas entre eles; a câmera na mão que busca; os ruídos e sons que "poluem"; a montagem que ora corta demais, ora de menos, em uma vertigem rítmica que acompanha o todo...
Um filme preciso em seu caos, enérgico em sua intenção, brilhante em sua realização!
Me deixou refletindo sobre minha carreira cinematográfica... o que quero expressar com meu cinema, o que devo dizer em um primeiro longa... mais que isso: como devo dizer... e como isso define um pouco o que virá depois...
Como Lucrecia que depois nos mostrou um ambiente mais intimista em La Niña Santa, ainda com muita profundidade e muita particularidade, mas sem o mesmo frescor...
E curiosa ainda pra ver o mais recente... La Mujer sin Cabeza...
Rever La Cienaga também me fez pensar em conversas com Roney Freitas, diretor do curta Laurita, cuja maior fonte de inspiração é esse filme de estréia de Lucrecia...
Roney também busca um caos de férias, essa comunidade que se estabelece em uma casa para desfrutar um verão e onde se unem parentes, amigos, agregados, desejos, temores, histórias, segredos...
Com a delicadeza e profundidade do ponto de vista juvenil, aqui, no caso, da recém iniciada puberdade de Laura, a protagonista, que nos leva à nossa infância, às nossas lembranças, e nos traz um pouquinho da dele, um pouco de todo esse imaginário e poesia...
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