quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Hannah - Andrea Pallaoro


O jovem diretor italiano Andrea Pallaoro desenvolveu um projeto ambicioso com Hannah.

Ambicioso não por excesso de intenções, mas por querer apresentar tão pouco e de forma tão precisa.

Hannah é a história de uma mulher de cerca de 60 anos cujo marido vai preso e sua vida vai sendo restringida por isso: laços cortados, dinheiro escasso, direitos confiscados.

Mas ela segue a vida com altivez.

E não é a vida de privações, sofrimentos e lamentos de uma latina, por exemplo. É uma vida em tons e com recursos de uma europeia (não há desabafos, há intelectualidade, há atividade física, há iniciativas).


Lembra um pouco a dureza de Amor, de Haneke - já comentado aqui.

Uma dignidade dura, silenciosa, militar.

A interpretação de Charlotte Rampling é exata. Observamos cada gesto, olhar e respiração dessa personagem. Mas paramos na observação.

A narrativa é tão meticulosamente enxuta que não deixa espaço para muita emoção e acaba se desgastando um pouco pelo excesso de economia.

Começa lembrando o tocante Há tanto tempo que te amo, também comentado aqui, que também demora para dizer a que veio e quem são suas personagens e histórias, mas que ao final se transborda e nos permite participar e nos emocionar com seu drama.

Em Hannah não há convite para essa entrada, tudo permanece nas entrelinhas, nos interditos, nos silêncios. Há muita densidade presente, mas tão denso que não conseguimos nem mergulhar.

Raras iniciativas como essa, ainda mais tão bem executadas, interpretadas, dirigidas, mas poderia pesar um pouco menos para o outro lado da balança.

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