quinta-feira, 29 de junho de 2017

Manchester à Beira Mar (Manchester by the Sea) - Keneth Lonergan


Supervalorizado, o terceiro longa de Keneth Lonergan, Manchester à Beira Mar, de fato se apresenta em uma contracorrente, buscando uma narrativa mais intimista, contida e delicada do que o padrão hollywoodiano.

Lonergan apresenta um protagonista (e também fotografia, arte etc) lacônico e frio.

E revela sua história aos poucos: começa pelo cotidiano burocrático e sem graça como faz-tudo de um condomínio, passa para o encontro com a família após a morte do irmão e só a partir daí a revelação do trauma de seu passado e o novo impasse diante do sobrinho agora órfão.

Esses elementos fazem da trama algo realmente interessante, entretanto a falta de adensamento psicológico e a falta de variantes dramáticas vão desgastanto e empobrecendo a narrativa.

Com uma história muito semelhante, Há tanto tempo que te amo, já comentado aqui, busca também a direção contida, mas para potencializar o drama e se aproximar profunda e primorosamente do espectador.

Em Manchester à Beira Mar não há muitas justificativas e, assim, não há muita empatia. Se por um lado é mérito não construir tudo como causa e consequência, apresentar personagens inconsequentes, sem anseios e com uma moral tão sem contornos torna o drama pálido.

A dor do protagonista está lá, mas ela não tem nuances ou variantes. Não há desespero, não há esperança, não incriminação e, assim, não há redenção.

E não é uma exclusividade do protagonista, os demais personagens, em sua maioria, também não contrastam com essa apatia, o que poderia tornar o filme mais verossímil e até dar mais força para a excentricidade do protagonista.

Há um sobrepor de cenas sem muitas curvas e sem crescente. E, assim, sem oscilações ou aproximações, corre-se o risco de se terminar o filme como se começa.


Para alguns funcionou, já para outros, decepcionou verdadeiramente.

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