quarta-feira, 13 de abril de 2016

Astrágalo - Brigitte Sy


Astrágalo é o segundo longa de Brigitte Sy, que em paralelo a uma intensa carreira de atriz, e estimulada pela vida artística em família (foi casada com o diretor Philippe Garrel e é mãe de Louis e Esther Garrel que inclusive participam deste filme) e vem se arriscando em alguns roteiros e direções.
Aqui, Sy se baseia nos textos de Albertine Sarrazin, tanto em passagens autobiográficas como em textos poéticos.

Astrágalo conta parte de sua vida, desde sua fuga na prisão na qual machucou um osso do pé - o astrágalo - e que lhe deixou manca por toda a vida. 

Esse acidente também fez com que ela conhecesse Julien, seu grande amor com quem viveu uma relação inconstante mas profundamente apaixonada.

Uma trama sem grandes peculiaridades, mas que conquista pela maneira potente como Sy filma.

Sy não trabalha com uma fotografia convencional: nem nos enquadramentos nem na fotografia preto e branco; 


Não se rende a um som convencional com trilhas didáticas; 
Não constrói personagens clichês e os mantém bastante misteriosos por toda a trama.

Além de fazer um excelente trabalho de casting e direção de atores, por exemplo com a dupla de O Profeta - já comentado aqui: Leila Bekhti e Reda Kateb);



E principalmente: trabalha de maneira muito particular o tempo das ações e da montagem. A mise-en-scène criada nos intriga, nos envolve e nos traga. 

Não temos conflitos estabelecidos, não sabemos o que esperar das personagens, com isso não conseguimos nos aproximar nem nos tornar íntimos delas, mas nem por isso deixamos de nos identificar e seduzir por elas.

Afinal o filme vai deixando cada vez mais claro que trata de paixão e de amor, dos tempos tortuosos da espera, da incerteza, do ciúmes e da infinitude de sentimentos intensos.

"Eu quero partir, mas para onde? Seduzir, mas quem? Escrever, mas o quê?" é uma das frases de Sarrazin que podemos vivenciar no filme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário