Bernardo Bertolucci, além de diretor de clássicos como Antes da Revolução e O Último Tango em Paris e O Céu que nos protege - já comentado aqui;
Também veio fazendo filmes maravilhosos nas últimas décadas como Beleza Roubada, Assédio e Os Sonhadores (que inclusive tem um dos cartazes mais interessantes que conheço: narrativo, instigante e bonito!)
Neles Bertolucci explorou um olhar sensível, feminino, sedutor, jovial e irreverente, mostrando uma sintonia e um deslumbramento com a juventude.
Agora parece que o deslumbramento esfriou um pouco, em tempos de crise, Bertolucci parece ter algo mais a mostrar dessa juventude além de seus romances e sonhos.
Em Eu e Você, o mestre italiano acompanha Lorenzo, um adolescente de classe média com problemas psicológicos (e ao mesmo tempo parecendo um adolescente bem típico):
uma grande paixão-atração-ciúmes pela mãe, a não socialização com os colegas e uma tendência ao TOC.
Lorenzo vai ter uma viagem com a escola, mas prefere se refugiar numa espécie de porão em seu apartamento.
Para isso prepara seus itens de sobrevivência de acampamento que vão desde enlatados, passando por revistas, setlist musical e um formigário.
Para isso prepara seus itens de sobrevivência de acampamento que vão desde enlatados, passando por revistas, setlist musical e um formigário.
Além de sua viagem introspectiva, Lorenzo também aproveita para vigiar sua mãe mais de perto.
Tudo parece estar em "paz" nos planos de Lorenzo, porém sua meia-irmã mais velha, Olivia, também aparece buscando refúgio no "porão".
Os dois se tratam com frieza e em atritos, já que Olivia também administra diversos problemas: é viciada, tem relações complicadas e seu futuro não parece ter perspectivas muito definidas.
A beleza da relação - e do filme - é a relação que se estabelece aos poucos entre eles: sem muita emotividade e grandes salvações para nenhum dos lados, os irmãos encontram certo diálogo e harmonia, revelando certas carências e acalentos.
Percurso bonito e profundo, mas que se perde um pouco em algumas cenas mais fracas, descoladas e também em alguns momentos de interpretações mais fracas.
Bertolucci aponta questões importantes sobre a atualidade da juventude européia, e também questões humanas e universais sobre eu e você ou qualquer um...
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