Segundo filme do diretor e roteirista mexicano Michel Franco, Depois de Lucia ganhou destaque após ser premiado em Cannes em 2012.
O filme aborda de maneira ao mesmo tempo intimista e com distanciamento a vida de uma adolescente que tenta seguir sua vida normalmente após a morte de sua mãe.
Ela e o pai mudam de cidade e tentam recomeçar. O pai escorrega diversas vezes em suas tentativas, mas a garota parece não fraquejar.
Se adapta bem ao novo ambiente escolar, se enturma rapidamente e ainda tem energia para cuidar do pai e cobrar reações dele.
Entretanto, ao ter que tomar atitudes para se colocar, para exigir que a respeitem e reagir contra as situações cruéis a que adolescentes podem se expor.
O bulling aqui chega a agressões físicas e abusos sexuais e a menina não consegue reagir.
O bulling aqui chega a agressões físicas e abusos sexuais e a menina não consegue reagir.
Um filme difícil de se assistir e de acompanhar.
Extremamente duro seguir uma personagem que nos cativa de início não só por seu carisma, mas também por sua energia e que de repente estagna.
Incômodo semelhante ao comentado na crítica de Super Nada, post anterior do blog.
O estado de espírito prostrado da menina quase nos asfixia (em citação às cenas aquáticas do filme, que fazem lembrar outro maravilhoso filme sobre depressão:
O Estranho em Mim, já comentado aqui ou até mesmo a obra-prima A Liberdade é Azul, de Kieslowski).
O Estranho em Mim, já comentado aqui ou até mesmo a obra-prima A Liberdade é Azul, de Kieslowski).
Vamos nos aproximando da menina em silêncio, tentando interpretar seu silêncio, em como se dá sua dor, por onde transbordará em um cotidiano prosaico de escola e casa...
Cotidiano bem construído: interpretação, construção de personagens, apresentação de cenários, construção sonora, montagem, fotografia, arte...
Mas logo o cotidiano se mostra mais duro e passamos a olhar a menina mais de fora (relações com os brasileiros As Melhores Coisas do Mundo de Laís Bodanski - comentado aqui - e o começo de Bruna Surfistinha de Marcus Baldini)
Outros elementos narrativos vão sendo dados (detalhes sobre a morte da mãe e de personagens ao redor), e as situações vão se tornando extremadas (ainda verossímeis, mas bem radicais: sexo, drogas e violências explícitas e implícitas do universo adolescente), chegando a um final irreversível e sem muita redenção.
Triste. E inquietante.
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