Mais um diretor sul-coreano que vem nos apresentar um outro tipo de lógica e tempo narrativo.
Assim como os instigantes Kim-Ki-Duk, de filmes como A Ilha, Casa Vazia, Time ou Sonhos - já comentado aqui.
Ou Chan-Woo Park de Old Boy e Lady Vingança; Sang-Soo Hong subverte os tempos e as barreiras entre o possível e o impossível...
A Visitante Francesa apresenta diferentes versões para a mesma história, mas como em toda narrativa que faz esse jogo, o que é mais instigante é a maneira como as versões se somam e se tornam camadas na construção de personagens.
(lembrando de outras grandes obras que exploram o mesmo recurso, desde Rashomon de Kurosawa; Boca de Ouro de Nelson Pereira dos Santos em adaptação a Nelson Rodrigues; até mesmo Corra Lola Corra de Tom Tykwer)
A estrutura de cenas que se repetem e se modificam também nos dão a sensação de sonho, de lembranças que se mesclam e se confundem e vão nos tragando em uma trama ao mesmo tempo concreta e etérea...
(nos aproximando de narrativas como O Ano Passado em Marienbad de Alain Resnais ou no universo de Marguerite Duras - ambos franceses, por sinal, que Sang-Soo Hong provavelmente já terá visitado)
A ideia de etéreo também vem das paisagens de praia, da interpretação dos atores e da decupagem.
E das ações que são mais narradas através de diálogos - e sempre truncados marcando o contraste de culturas citado no próprio título do filme.
Ou da sugestão de cenas (do que pode ter acontecido dentro de uma barraca, por exemplo).
Um convite para uma visita que vale a pena se mergulhar...