sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O rolo compressor e o violinista (Katok i skripka) - Tarkovski


Primeiro média-metragem de Tarkovski, enquanto ele tomava fôlego e descobria seu universo poético e filosófico, que viria a seguir em obras-primas como Solaris, O Espelho ou O Sacrifício (comentados aqui).

O Rolo Compressor e o Violinista traz uma narrativa menos etérea e mais singela, num drama de poesia mais cotidiana e concreta.
Faz lembrar a graciosa estreia de Manoel de Oliveira, Aniki Bobó, talvez pelas ações corriqueiras e o olhar delicado e afetuoso sob a infância.

Mas aqui, apesar do encanto e pureza do protagonista - o pequeno violinista do título - há também um rolo compressor... 

Não apenas o trabalhador que o conduz e personifica, mas o conflito de classes implícito - em diálogo com boa parte da produção do cinema soviético.

O menino e o trabalhador interagem em uma relação de troca, mas sem muita perspectiva. Quase um amor impossível, que tantas vezes vemos em filmes românticos, aqui aparecendo entre um menino e uma figura masculina paternal.

Dados que alimentam uma visão psicológica do filme, que parece estar presente e intencional.

Por exemplo quando pensamos nas questões apresentadas do menino aprendendo a se defender com o homem, se relacionando com a mãe e tendo que lidar com ordens e privações e referências de arte, força, trabalho, afetos...

Mesmo em narrativa mais convencional, com fotografia, arte e tempos de decupagem e montagem mais clássicos.

E mesmo Tarkovski encerrando a narrativa nela mesma (sem as referências metafísicas de filmes seguintes), há muita projeção possível no filme e questões que podem ir além... Bela estreia! 


Nenhum comentário:

Postar um comentário