segunda-feira, 11 de junho de 2012

Violeta foi para o céu (Violeta se fue a los cielos) - Andrés Wood


Andrés Wood já havia agradado aos brasileiros com seu bom filme Machuca, uma espécie de Cinema Paradiso latino, falando com graça da transição da infância para adolescência de dois amigos de diferentes classes sociais nos conturbados anos 70 chilenos.


Agora Wood investe em uma grande personalidade de seu país, Violeta Parra e para isso se emancipa de uma narrativa mais clássica e busca na linguagem a força e crueza de sua personagem.

Violeta foi para o céu traz um título doce, carinhoso, saudoso para uma personagem que de tão dura  chega a ser violenta, explode em criações e rompantes, afaga, agarra, sufoca e afasta até os queridos mais próximos.

Ressentida com tantas dificuldades, do pai músico e alcoólatra, a mãe mostrada ausente, casamento sem identificação, morte de filho, paixões tortuosas, luta pela cultura e pelo país...


Lembra filmes de outras grandes mulheres como Camille Claudel ou Frida.

Mas Violeta tem uma trajetória muito própria, singular em tudo, dificulta qualquer identificação e aproximação mais afetuosa. 

E o filme é fiel a isso, a narrativa nos intriga, nos instiga e nos cativa pela curiosidade pela personalidade geniosa - e genial -, mas não pela emoção.

Cativa também pela arte! Obstinada, batalhadora, decidida, Violeta é mostrada como a mulher de fibra e peito que foi, mulher de pulmões!!!

Lindas canções, lindas artes plásticas, bela história.

Acertada decisão de Wood em filmar sua história, acertado trabalho de decupagem, mise-en-scène, fotografia, arte, som... 

E acertada escolha de casting! Que em grande parte se deve à insistência da própria atriz, inicialmente contratada apenas para cantar, mas que soube roubar a cena e conquistar merecidissimamente o papel! 

Parabéns à praticamente iniciante em cinema, Francisca Gavilán!

Gracias Violeta, gracias Wood, gracias Gavilán, gracias a la vida!


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