Sofia Coppola tem estilo: filma bem, tem histórias muito particulares, constrói climas, tem personagens sedutoras (e não no sentido clichê da palavra, mas de uma maneira mais intimista, mais própria, mais interessante).
Foi assim desde sua estréia com Virgen Suicides... Mas desde ali ela não me conquistou... A maneira como explora certa frivolidade, grandes ações vindas de motivações pequenas, mesquinhas, isso não mexe comigo...
No seguinte a história já me pareceu muito mais interessante: Lost in Translation (Encontros e Desencontros) conseguiu um ambiente onde a estranheza de Sophia Coppola se encaixava:
Tokio c/ Scarlett Johansson filmada lindamente e Bill Murray num papel ligeiramente diferente... Os tempos, a trilha, os enquadramentos, o ritmo... Fluiu, me cativou verdadeiramente!
Tokio c/ Scarlett Johansson filmada lindamente e Bill Murray num papel ligeiramente diferente... Os tempos, a trilha, os enquadramentos, o ritmo... Fluiu, me cativou verdadeiramente!
E me deu fôlego para o próximo: Maria Antonieta. Mas aí volto ao problema da falta de afinidade com os mesmos temas: a estética não me encanta tanto assim, um filme que conta a história de uma rainha que não sabia o que fazer com tanto dinheiro e possibilidades e que lidava com tédio diante de infinidades de roupas, comidas, festas... O tédio pra mim não chega como uma crise psicológica, acho o filme vago, pobre, sem graça... Nem Versailles salva!
(E olha que quando vi o filme havia estado lá há pouco e só de lembrar dos espaços já era um super ponto positivo...)
Bom, vamos ao mais recente: Somewhere (Em Lugar Nenhum).
Novamente o tédio em relação ao glamour, dessa vez de Hollywood... Um galãzinho e sua filha...
Se ensaia um tédio que resvala em uma depressão, que quase poderia ser interessante... Se ensaia conflitos reais em uma menina que vive em um mundo meio de faz de contas, onde não há limites para algumas coisas, mas não há referência para se poder sonhar...
(E aqui vale a ressalva que a maneira como ela capta a vida e graciosidade dessa pré-adolescente é um primor! Vem cheia de beleza, vida e frescor!).
Talvez difícil julgar, pois deve ter muito de autobiográfico de Sophia, que desde pequena terá convivido com grandes atores, estado em distintos hotéis, sido paparicada de maneira exacerbada e fútil...
Mas como filme me instiga o universo, tento entrar, mas não consigo. Primeiro pois Sofia não vai além em seu retrato e isso acaba me aborrecendo, e depois que a construção de clima (com as interpretações, enquadramentos, montagem, trilha, etc) que começa estilosa, interessante, sedutora, aos poucos começa a me cansar e o que me afeta passa a ser afetação, o que é descolado, descola de mim... Como diria um amigo esse estilo "superbacana com melancolia super indie-cool-descolada" não me convence...
E sigo desconfiada até o que vier pela frente... Talento aí não falta, mas quanto ao estofo e densidade...
Sofia surgiu como menina, fazendo filmes de menina, mas no alto de seus quase 40 anos começo a ansiar por seu amadurecimento... Referências próximas não faltam a ela... O repertório do pai que o diga...
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