quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Foi Apenas um Sonho de Sam Mendes (Revolutionary Road)


Gosto de Beleza Americana, mas achei supervalorizado, talvez por as pessoas acharem todo aquele cotidiano tão chocante e pra mim pareciam problemas corriqueiros apresentados com certa caricatura...


Chocante pra mim é Festa de Família, de Thomas Virterberg, ou Felicidade, de Todd Solondz ou mesmo nossos Nelson Rodrigues... Mas Sam Mendes certamente tem inquietações e abordagens que chamam atenção...

Soldado Anônimo 
me agradou bastante pelo ponto de vista diferente...
Não sei se originalíssimo e se excepcional, mas sem dúvida bom!

Então vem seu filme seguinte, uma história mais dramática, mais intimista:



Foi Apenas um Sonho que também não é incrível...
Personagens clichês, situações sem graça de seriados americanos, mas...


Antes de ver, havia lido críticas sobre ser um filme sobre divórcio, depois ouvi dizer que era sobre criatividade, mas...



Um filme sobre escolhas de vida... E nisso se inclui casamento, carreira e assim discussões sobre divórcio, criatividade, amor, filhos, ambições, aventura...


Saí do filme inquietada, porque o filme realmente me fez pensar na vida - em suas bifurcações - em algo que sempre me angustia terrivelmente que é: ter que escolher!
Não pelo que escolho, mas por aquilo que deixo pra trás...

Talvez essa angustia de ter que escolher é que também me faz tão feliz quando uma escolha não deixa dúvida, por exemplo: ter ido ver Foi Apenas um Sonho!

(onde até coisas que poderiam ter me distanciado um pouco, como a escolha dos protagonistas - Leonardo DiCaprio e Kate Winslet - que eu em geral não vejo muita graça, estão muito bem e dão a simplicidade, graça e complexidade que o filme pede)


Um filme sobre o intangível, que das situações corriqueiras da vida como a  inveja da grama do vizinho, as conversas polidas com conhecidos, a possibilidade de uma gravidez, a possibilidade de um aborto, o sonho de um trabalho instigante, o dia-a-dia massacrante, o diluir da paixão, o manter a chama acesa de um casamento, os limites do espaço da convivência e da cumplicidade e onde somos apenas um eu e onde não há espaço pra mais ninguém, onde é preciso respeito, onde nunca poderemos alcançar...

Como pra mim o que o filme significa... Tento palavras e palavras, acrescento algumas meses depois, após rever, mas ainda assim pra mim bate algo além... Intangível...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ninho Vazio X a fertilidade do cinema argentino

Há cinematografias que realmente nos arrebatam de tão diferentes que são...

Coreanos como Kim Ki-duk; chineses como Ming-liang; japoneses como Ozu Takeshi Kitano
(*diretor de Dolls - foto);
iranianos como Kiarostami; dinamarqueses como Lars Von Trier.

Enfim, fácil fazer uma lista infinita daquilo que me conquista...
Mas há uma cinematografia que, em geral, não é de tirar o fôlego, mas é tão humana, tão sensível, tão acessível, tão sincera...

Exemplo a se mirar, dadas as semelhanças.

O cinema argentino contemporâneo realmente chama a atenção!

Dos casos mais irreverentes e de maior frescor e força, como Lucrecia Martel (ao lado cena de sua obra prima Pântano);



Até os mais romanceados e novelísticos como Juan Jose Campanella... (ao lado meu preferido dele O Filho da Noiva).


Aliás, pensando sobre o último filme argentino que vi - Ninho Vazio - me ocorreu que talvez o fato da Argentina não investir tanto em novelas faça com que seus artistas ponham os dramas corriqueiros pra fora justamente nos filmes...

Daniel Burman é um cineasta que faz isso...

Ninho Vazio começa chamando a atenção por seu título e temática: um casal cujos filhos saem de casa e os pais passam a se reconfigurar em uma nova rotina...

Sem grande destaque da crítica e sem ouvir comentários de botequim, talvez não tivesse muitos motivos pra ir assistir. Por outro lado, às vezes filmes singelos e de pequenos dramas me envolvem tão mais do que filmes de maior qualidade. Há vezes em que estes filmes mais elaborados não dialogam muito comigo, como os irmãos Coen, por exemplo...


Mas de fato Ninho Vazio deixa a desejar...
Premissa e universo interessantes, mas um protagonista chato, que não nos cativa nem um pouco. E uma trama bastante morna, às vezes bem banal e clichê, inclusive...

O que me fez pensar bastante em nossas novelas...
Às vezes as novelas tem tramas e personagens tão, tão, tão interessantes, mas reproduzir isso em um formato de dezenas de capítulos de 40 minutos, dilata o drama e a qualidade... ao menos pra mim...

Por isso prefiro os dramas em formatos próximos a 100 minutos. Talvez não Burman em Ninho Vazio, mas, por exemplo:



Abraço Partido,  filme interessante, instigante, envolvente, de personagens fortes e dramas cheios de vida!



Ou Direitos de Família: filme super sensível, de uma certa maneira simples, banal, mas com tanta graça e verdade...


Afinal, casar, ter filhos, escolher uma carreira, lidar com a morte,
são questões de nosso cotidiano. 


E normalmente não se dão com centenas de tiros, doenças raríssimas, paixões à primeira vista...

E ver isso em filme...
Adoro!!!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A Troca (Changeling) - Clint Eastwood


Clint e sua mão pesadas de grandes dramas...

Como Menina de Ouro é bom!
Começa com estrutura clássica: trajetória de herói - a saga de uma menina que quer vencer fazendo aquilo que gosta...

E de repente, no meio do filme, o filme é outro!
E é muito bom! Traz questões densas: ser ou não ser mesmo! (atualizados na questão da eutanásia). E ser em que custo? O quanto e o como vale viver?...

E o cara - mestre dos faroestes Eastwood - se inspira na vida: em A Troca, uma estória real...

Mas, curiosamente, o que mais incomoda é que é inverossímil!

São tantas idas e vindas,
e novas idas e novas vindas, que se torna cansativo...

E ultra maniqueísta!
Pessoas totalmente do mal e a protagonista sempre vítima.
Que luta, luta, luta, luta mais um pouco, luta outro tanto, luta ainda mais! E mais...

Faltou boxe nesse filme, faltou um punch!


E sobrou bicos e lágrimas...
Até porque Angelina Jolie começa bem, mas rapidinho gasta todo seu repertório de expressões e deixa de encantar...
A direção de arte nos leva a só olhar pra sua boca com um batom ultra plus vermelho.


E os grandes olhos com as lágrimas
sempre ressaltadas por uma luz pontual...




Esse round não deu, Clint, esperemos o próximo!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button - David Fincher



Demorei umas duas semanas após a estréia pra ver...
Daí estive em rodinhas de bate-papos super elogiosas ao filme...
Fui então ansiosa assistir...

A premissa do filme é realmente interessante -
homem que nasce velho e vai rejuvenescendo...
E uma trama de amor, onde nesse percurso
há encontros e desencontros no fluxo e contra-fluxo...

Mas falta...

A estrutura da estória está baseada em uma narração mega-hiper sem graça. E, em muitos momentos, dá uma sensação de truncamento...
Narrações excessivas que se sobrepõem às ações...
Parece vir de uma intenção de ser Amelie Pouilan,
mas falta uma graça que Jeneut mesmo em seus filmes mais sem graça tem de sobra!!!

O C.C.B.B. faz juz ao seu título:
é curioso
mas apenas um caso,
cá pra mim com meus botões
...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Um Conto de Natal (Un conte de Noël) - Arnaud Desplechin


Cine 2009 #3


Um Conto de Natal!

Pelo título me pareceu oportunista pela data de estréia, mas não!

Apesar de estranhices (como personagens com reações bizarras, estriônicas, radicais etc), resulta bem bom!

Filme sobre família... problemática!

Intenso, complexo, sensações diversas, conflitos tamanho família!
(e elenco, encabeçado por Catherine Deneuve fazendo juz!).

A Bela Junie (La belle personne) - Christophe Honoré


Ambiente de colegial...
Me deixou com saudades, nostalgia...
(Apesar de achar que aproveitei bastante, parece que falta... Mas sempre falta, né?
Se eu tivesse esborneado mais, teria estudado menos; se eu tivesse estudado mais, teria me divertido menos; se tivesse vadiado mais, teria sonhado menos; se tivesse sonhado mais, teria platonizado demais... E por aí vai...)

E o filme acaba monotematizando os conflitos adolescentes
pelos romances, affairs etc... interessante!

Até por ele ser uma adaptação de um livro do séc XVII (de Madame de Lafayette)...

Mas o filme acaba sendo adolescente também e comete exageros:
nas ações das personagens que acabam tendo atitudes que chegam a inverossimilhança
(suicídio, negação do amor real em prol do platônico etc).

Exageros também de linguagem (quer ser poético, ser realista, ser musical, ser blasèe e em alguns momentos acabamos perdendo o foco e o interesse).

Mas, sem dúvida, é um filme que faz sentir e pensar. E nos cativa, mérito principalmente da direção de Honoré e do elenco (de jovens talentosos como Louis Garrel e Léa Seydoux).

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Um homem bom (Good) - Vicente Amorim



Primeiro filme do ano:

Um Homem Bom...
Ser bom às vezes é morno, né?
Aqui faltam nuances!