O coreano Kim Ki Duk é um dos cineastas mais talentosos na atualidade para pensar premissas filosóficas e conceituais para seus filmes e narrativas poéticas e sinestésicas.
Filmes como A Ilha, Time, Sonhos ou Pietà - já comentados aqui - trazem questões chave como: a duração do amor, o ciúmes, a simbiose afetiva, as relações familiares etc, sempre em narrativas extremamente criativas.
Em A Rede, Kim Ki Duk traz a questão política da divisão da Coréia a partir da história de um pescador da Coréia do Norte comunista, que sem querer atravessa a fronteira e passa a ser investigado por supostas espionagens na Coréia do Sul capitalista.
O tom do filme varia entre a ação e violência (de forma tipicamente oriental), comicidade e tragicidade da situação kafkaniana e dramaticidade dos afetos familiares e relação que se forma entre o pescador e um dos policiais.
A leitura de todas essas nuances para nós de cultura tão diferente pode instigar, chocar ou provocar estranhamentos dependendo do momento. Muitas vezes não sabemos se a peculiaridade é do personagem ou da própria cultura, mas isso também é o que enriquece nos colocar diante da obra e desse outro mundo tão diferente. O cinema se prova um portal para viagens narrativas.
A Rede trata desde os absurdos de investigações policiais, a angustia da tortura, o desafio da palavra e da honra até os prós e contras de sistemas políticos:
a abertura e selvageria do capitalismo e as restrições e privações do sistema "comum", "igualitário" e por isso também propenso a corrupções.
a abertura e selvageria do capitalismo e as restrições e privações do sistema "comum", "igualitário" e por isso também propenso a corrupções.
Os pontos fortes do filme são a construção intimista da tortura, os contrastes entre capitalismo e comunismo e a simplicidade do protagonista.
Para ressaltar ainda mais essas qualidades, Kim Ki Duk poderia ter optado por uma narrativa menos didática e mais poética, pois quando o filme faz esses respiros, é capaz de momentos sublimes.
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