O diretor marroquino Kamal Kamal é um dos destaques da 10a Mostra Mundo Árabe de Cinema em São Paulo.
Com seu filme Sotto Voce ele acompanha os relatos de um senhor sobre suas memórias do período da Guerra da Argélia (1954-62), quando, com um grupo de argelinos, tenta cruzar a fronteira entre Argélia e o Marrocos, eletrificada, minada e vigiada,
Interessante poder se aproximar de outra cultura e conhecer referências distintas. Mas, nesse caso, difícil acompanhá-las.
Há um excesso de informações, linguagens e abordagens e a mistura ao invés de enriquecer o filme, o empobrece. Apesar de todos os excessos, na verdade a narrativa é rasa e ingênua.
Primeiramente se apresenta a história de uma jovem violoncelista que é violentamente atacada e em sua recuperação se aproxima de um senhor que é seu vizinho.
Nessa introdução já entramos em contato com uma narrativa simplória (em ritmo, metáforas e, principalmente, interpretação).
Entramos então na história dentro da história e aqui o gosto do diretor pela música (afinal ele também é compositor) muitas vezes se sobrepõe ao drama.
O protagonista talvez seja uma espécie de alterego do diretor, pois é um aficionado por ópera e quer treinar jovens surdos a cantarem.
Entre os jovens está uma garota que ao ser abusada se vinga e é condenada, mas consegue-se escapar.
E aí que esse grupo se une a um revolucionário marroquino e todos se unem para tentar desativar algumas minas e chegar ao Marrocos.
Muitas perdas nessa tentativa e o relato de culpa por parte do senhor sobrevivente.
Falta um posicionamento mais definido dessa narrativa em termos políticos e dramáticos.
Falta uma definição maior também se ao diretor apetecia mais fazer uma ópera do que um filme.
Ou talvez também falte um envolvimento maior com a cultura árabe para poder compreender melhor. Seja como for, fica a desejar...
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