domingo, 16 de novembro de 2014

Kinsey - Vamos falar de sexo - Bill Condon


Bill Condon aproveitou uma personalidade com uma trajetória extremamente interessante para fazer um filme biografia: o biológo Alfred Kinsey que ficou conhecido por seus estudos pioneiros sobre a sexualidade humana.

Kinsey viveu questões sobre sua sexualidade e com dificuldade para interlocução decidiu ser interlocutor de outros que também tivessem dúvidas. Nos EUA dos anos 40 ele começou a dar aulas sobre o assunto em uma universidade em Indiana e fazer diversas pesquisas.

As pesquisas de Kinsey se baseavam em entrevistas e relatórios e também em suas experimentações pessoais e dentro do seu grupo. 

O filme tenta abarcar um pouco de tudo: os pontos de interesse, os fatos biográficos, os dados das pesquisas, os estudos empíricos, a perda de objetividade científica, a repercussão e polêmicas geradas etc.

Com um personagem tão interessante, Condon consegue instigar para sua história, mas termina em um filme morno e sem personalidade. Para dar mais dinamismo a sua narrativa usa recursos televisivos (cartelas, grafismos, fusões), talvez muito pautado por sua experiência em telefilmes, séries e obras infanto-juvenis.

Assim, esta obra de Condon se assemelha um pouco da obra de Kinsey. Kinsey trata de sexo e faz questionamentos extremamente relevantes e transgressores, mas se fixa em coleta de dados e sem tentar interpretá-los e analisá-los parece chegar aquém de onde poderia. 

Falta a relação com a psicologia (também uma de suas formações) para interpretar a série de dados com os quais trabalha. Algo apenas ligeiramente apontado em falas da personagem da esposa e do púpilo de Kinsey no filme.

Levantar a infinidade de sexualidades possíveis, tentando quebrar tabus de que a maioria das pessoas se masturbam e tem desejos bissexuais por exemplo, foi uma iniciativa incrível, mas usar essa multiplicidade apenas como parâmetro para uma "libertação" de que tudo seria possível, cabível e aceitável foi uma simplificação do comportamento humano.

Muitas vezes aqueles que se dizem sem censuras e liberais a tudo são os mais aprisionados por sua sexualidade, como vemos em tantas perversões e como vemos em filmes que tratam do assunto sem tentar ser tão completos e por isso conseguindo ser mais profundos e densos como filmes de Lars Von Trier ou na ficção Augustine e no documentário Na Captura dos Friedmans já comentados aqui.


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