quinta-feira, 15 de maio de 2014

Amante a domicílio (Fading Gigolo) - John Turturro


Com quase cem atuações em sua carreira, como Faça a coisa certa de Spike Lee ou E aí, meu irmão, cadê você?, dos  CoenJohn Turturro às vezes também se lança na direção. A estreia mais recente é Amante a domicílio.

Turturro é o protagonista Fioravante que cede aos apelos para se prostituir de seu amigo, Murray, interpretado por Woody Allen (que há tempos não atuava em um filme que não fosse dele).

A dupla de cara tanto nos instiga como nos deixa familiarizados com seus "clowns", afinal, Woody Allen, por exemplo, parece sempre fazer uma caricatura de si mesmo.

E Turturro parece ir no mesmo caminho (do homem que atrai por seu silêncio meio melancólico e instigante).

Além das expressões, também sentimos isso no texto.

Roteiro feito por Turturro, mas que dizem ter sofrido vários ajustes nas mãos de Allen, traz diálogos com traços de melancolia de desajustados e pitadas de ironias dos gauches tentando se dar bem, e que dão o humor do filme.

Fioravante aparece meio sem saber o que quer da vida, mas resignado a uma vida simplória de florista. Já Murray luta para não decair após a falência de sua livraria.

Percebe então na busca de duas mulheres por um homem para acompanhá-las num mènage a chance de ganhar algum dinheiro.

O resultado é que ele se torna cafetão de Fioravante.

Há alguma diversão e graciosidade até esse ponto, entretanto não entendemos bem os conflitos, não há aprofundamento das personagens e não fica claro o sentido da trama. 

Quando o filme tenta ficar mais dramático tampouco se sustenta. Os encontros de Fioravante com Avigal, uma judia ortodoxa que vive um luto severo pela morte de seu marido, tem potencial, mas não se aprofundam.

Ficam na superfície e resultam na "moral" mais fácil: de como essa mulher era uma flor murcha, que precisava ser olhada, tocada e regada para poder florescer.

Diversas personagens buscando prazer no sexo de maneira mercantilista (tanto por parte das mulheres que pagam, como a bem sucedida médica vivida por Sharon Stone) como o próprio Fioravante, que aceita o papel de seduzir essas mulheres e lhes dar prazer em troca de suas contas pagas.

O desajuste que parece haver nessas situações é o que tem mais potencial no filme, mas o que é menos explorado: quem são essas personagens que deixaram de ter prazer em suas vidas? Por que elas buscam nesse sexo casual a resposta? Onde estão os sonhos delas?

Uma pena Turturro não ter investido nessas lacunas e ter ido mais "avante" com seu florista, acabamos seguindo no filme meio distantes e sem grandes emoções.

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