Estréia na direção de Massy Tadjedin, iraniana sem muita relação com o cinema de arte de seu país e sim com romances americanos - ou ingleses, como é o caso.
Mas partindo de uma situação clichê - o desejo extraconjugal - e sem densidade e criatividade nos diálogos ou expressividade, carisma e variações de suas personagens, acaba se tornando um filme sem graça, previsível e o pior: moralista.
A ambição parece ser de trazer novas luzes e posições em relação à traição, mas a narrativa se perde em tantas voltas que dá um tiro no próprio pé.
(e fica cansativo e repetitivo, visto inclusive pelas fotos ao lado)
Nos diálogos conceitos como o de que o passado de uma pessoa com seus amantes anteriores sempre vão te perturbar e por isso não vale a pena a tentativa da conquista.
E ações que complementam o moralismo tedioso revelando a fragilidade da forte femme fatal, colocada como a mulher de decotes e lábios fartos sempre ao redor do marido para lhe tentar;
O marido carinhoso e companheiro com sua esposa, mas também frágil e refém da tentação;
A esposa com criatividade e brilho estonteante (que só aparecem nos diálogos das demais personagens e não em cena, as qualidades são descritas, mas nunca colocadas em ações
- por mais que Keira Knightley tenha de fato grande fotogenia (já que não apresenta muitas variações e se perde em estrionismos, também mostrados recentemente em Um Método Perigoso, também comentado aqui);
E por fim o ex-affair juvenil da esposa, mantido em segredo para não perder a magia e permanecer como sonho, já que também é descrito (novamente descrito e não mostrado) como pessoa instável e inconstante.
O filme deixa apenas a semente de diálogo com filmes que trazem essas questões à tona, mas com mais graça e complexidade, seja nos jogos presentes em Closer, nas questões complexas de Fatal, em diversos exemplos franceses (como as estreias recentes de Verão Escaldante ou Adeus primeiro amor)...
Ou ainda no realismo de Antes do Amanhecer/Por do Sol, (que, aliás, promete sua continuação para breve)... Esperemos então... Que venham outros exemplares para os apreciadores de filmes-DR (também conhecidos como romances de bons diálogos)!
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