terça-feira, 6 de setembro de 2011

"Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual"


Longa de estréia do argentino Gustavo Taretto, a quem conheci há uns seis anos atrás numa sessão de curtas premiados do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo (já que acabo de falar dele - confira!) através de seu curta de mesmo nome.



Ali ele apresentava o embrião do longa, já que se trata da mesma história, inclusive com muitas das mesmas cenas, mas tamanha era a qualidade, maturidade e sabor de sua narrativa, que ele pode estica-la...

(Também porque já era uma narrativa cheia de idéias e por isso um pouco comprimida em seu longo curta de cerca meia hora e que dava gostinho de querer ver mais, como já comentado aqui inclusive!).

Talvez como longa Medianeras não seja o filme mais complexo, mais profundo e nem mais divertido, já que o suspense e a graça se desgatam um pouco em seus 95 minutos. Mas ainda assim o filme é muito agradável!

Mais um romance entre pessoas isoladas na cidade grande na tal "era do amor virtual", mas com tantos comentários sobre a cidade, sua arquitetura, referências de infância, livros, séries, filmes, gracejos de situações...


Me faz lembrar o ligeiro e adorável livro de Alain de Botton - Ensaios de Amor.

Martin e Mariana são jovens de 20 e tantos anos em tentativas de construções: início de carreiras, buscas de novos amores, organização de série de observações que vamos acumulando pela infância e adolescência e que já não tem a mesma ingenuidade da infância, nem a mesma certeza da adolescência.

A insegurança espelhada agora é por saber se há lugar no mundo para o que eles estão pensando... Já há convicção de suas personalidades, e a busca é por seu "lugar ao sol" - nem que seja dentro do computador!


Para mim, espectadora recém chegada na casa dos 30, paulistana moradora da paulicéia, diversos amigos arquitetos e nerds de computador...


As milhões de referências me pegam e me divertem! Passo pelo filme como por uma sessão da tarde (ou da noite no caso)!


E melhor: de meu tempo, repleta de familiaridades, tanto pelos personagens similares com os de minha vida, pela cidade hermana (Buenos Aires), pelas profissões artísticas-comunicativas, pela reflexão sobre a virtualidade de nossos tempos (afinal, "troco" essas idéias a partir de um blog, que divulgo em meu facebook, por onde inclusive iniciei uma "amizade" com o diretor).

Afirmado esse passo já ensaiado desde seu curta, agora espero os próximos de Gustavo, que parece vir de maneira simples, singela, mas bastante saborosa ao mundo das "gente grandes" do cinema... (e engrossando o entusiasmante time de cineastas argentinos).

Confira no trailer! (que não tem o envolvimento da narração, mas tem a poesia das imagens).



Um comentário:

  1. Ainda não vi o filme, mas está em minha lista de desejos, ainda mais agora que li seus comentários, sempre escritos com tanta propriedade e estilo.
    Beijo

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