O cinema gaúcho costuma vir com inventividade, e de uma maneira diferente: sem grandes pretensões... Não são histórias mirabolantes, são causos do cotidiano bem contados... E é isso que cativa...
Tipo o primeiro longa de Furtado: Houve uma Vez dois Verões (da foto ao lado). E que dialoga muito com a estréia de Ana Luiza Azevedo: Antes que o Mundo Acabe (que, aliás, tem vasta experiência como assistente de Jorge)...
Aqui vemos o cotidiano de um adolescente em uma pequena cidade no Rio Grande do Sul. Os melhores momentos do filme são justamente do menino com seu melhor amigo, a namorada, as situações na escola, a interação com a família...
Mas com a família vem um conflito: a harmonia em sua casa com a mãe, o padrasto e mesmo sua meia-irmã com quem se atrita, ameaçada pela crise causada pelos contatos feitos por um pai verdadeiro que ele não conheceu...
O porém é que essa história é muito detalhada e contada didaticamente e a atuação do pai, que destoa do elenco adolescente e não tem nem a mesma vida, nem o mesmo charme e espontaneidade...
Algo que seduz também na figura da irmã, que é quem narra o filme...
O filme não resulta tão denso, redondo e interessante quanto um As Melhores Coisas do Mundo de Laís Bodanski, mas traz uma história com crises do primeiro amor, traição, relação com melhor amigo, estudos e vestibular, escolha de profissão, perspectiva de futuro, referências familiares, etc.
E com isso deixa uma semente plantada e uma curiosidade por conhecer mais o que poderá vir de Ana Luiza... Que esse mundo não se acabe e que possa crescer muito mais!
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