A década de 80 foi de grande agito em Brasília. Desde a consolidação que teve a cidade após algumas décadas de sua construção, passando pelo palco que se tornou na mudança de regimes (da ditadura para a demoracia) até sua movimentação cultural, fortemente simbolizada pelos grupos de rock ali formados.
Instigante documentar e contar a história das turmas de onde surgiram bandas como Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Ira e, claro, Legião Urbana.
Um dos porta-vozes dos adolescentes brasileiros, Renato Russo foi um dos protagonistas desse movimento do Distrito Federal.
O diretor Antônio Carlos da Fontoura foi bastante feliz ao buscar esse tema para ficcionalizar, mas não em sua realização.
Somos tão jovens tem problemas de estrutura desde o roteiro e não consegue nos aproximar de seu personagem.
O Renato retratado não tem conflitos e sonhos específicos. Vemos algumas de suas crises de juventude, mas nenhuma com muita força.
Renato tem uma doença, é temperamental, tem dificuldade de se relacionar, tem poucos amigos, quer montar uma banda, mas o que mais?
Onde estão seus grandes sonhos? O que quer com sua arte? O que faz da sua vida?
Diferente de Cazuza - O tempo não para, de Sandra Werneck e Walter Carvalho, não vemos um cotidiano carismático do protagonista e nem ambições e ideais expressos no encadear das cenas, tampouco vemos uma grande atuação como a de Daniel de Oliveira.
Fontoura tenta dar conta dos principais fatos da juventude de Renato, traz dados biográficos e cronológicos, salpica alguns refrões de suas músicas mais conhecidas, mas não vai além em nada.
Até em Faroeste Caboclo, já comentado aqui, conseguimos ver mais do olhar de Renato e ter mais do seu entorno retratado, há mais contexto do país e da cidade ainda que em uma história bastante específica.
Em Somos tão jovens os diálogos são extremamente pueris (passando do limite juvenil, pelo qual poderia se desculpar pela ingenuidade e rasidade);
E a direção de atores também afasta completamente o público do filme: não há verdade no que é encenado - talvez com exceção de Laila Zaid, os atores são exagerados.
Renato é colocado não como a pessoa de temperamento forte e trejeitos que conhecemos, mas absolutamente estriônico, desperdiçando a semelhança física e vocal de Thiago Mendonça.
O filme não cativa em nenhum quesito e não ganha ritmo em nenhum momento.
Acaba desperdiçando uma grande história, resvalando no clichê e no brega e não fazendo jus ao personagem que retrata e nem às músicas que relembra...
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