Tempo de digerir e assimilar, e esse é um filme que precisa bastante tempo. Mas vale a impressão fresca de sua beleza, força, intensidade... Filme que parece delicado, suave, trabalhando sutilezas poéticas, mas trazendo dramas profundos...
O Sul-coreano Chang-dong Lee retrata a vida de uma senhora em distintos detalhes de seu cotidiano, distintas notas, tons, versos...
Senhora que cuida de um neto adolescente sem qualquer valor; que trabalha como empregada de um senhor debilitado e desrespeitoso, que não encontra qualquer diálogo de sua sensibilidade com seu entorno...
A não ser nas aulas de poesia que começa a fazer...
Seu desafio é justamente fazer um poema, e ele vem na aridez desse seu mundo, visto com seus olhos delicados e poéticos e sem qq perspectiva de redenção...
Não há solução nesse caos silencioso, não há final feliz, não há respiro de alívio...
O filme termina com a sensação de um nó na garganta que não se desfaz, por isso sua força...
E sua poesia tão simples, tão próximo e ao mesmo tempo tão distante...
Distante talvez pela cultura oriental tão distinta da nossa; distante por sua língua, por seus ideogramas; distante até por essa equipe que não conhecemos, de um diretor que não tão experiente e de uma atriz, Jeong-hie Yun - precisa e excelente - com uma bagagem de quase 200 filmes (!!!);
Distante talvez pelo denso universo dessa senhora, distante talvez pelo simples e sublime da poesia...
(trailler deixa a desejar perto do filme, mas dá pra dar um gostinho:
http://www.youtube.com/watch?v=VM27hunyDTA)
(trailler deixa a desejar perto do filme, mas dá pra dar um gostinho:
http://www.youtube.com/watch?v=VM27hunyDTA)
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