domingo, 13 de março de 2011

Lixo Extraordinário

Filme simples: registro de projeto de um artista.


O interessante do filme é que o artista é Vik Muniz no maior lixão do mundo - o Aterro Sanitário de Gramacho - abordando pessoas de histórias duras, profundas, bonitas que convivem naquele espaço e se deixam ser fotografadas e ajudam a que essas fotos sejam reproduzidas com material reciclado tirado do lixão (!!!).



Os poréns - porque não sei viver sem eles - é que as histórias não são muito aprofundadas... Ainda mais pensando nesse ambiente e em filmes interessantíssimos como Boca de Lixo de Eduardo Coutinho.



Ou o instigante Estamira de Marcos Prado.




E outro porém ainda mais grave é que o registro de Lixo Extraordinário é manipulador demais. Ele mostra situações interessantes e delicadas, pois apresenta mundos diferentes a pessoas convivendo com um cotidiano duro e discutem a responsabilidade disso: apresentar possibilidades, mas não poder mante-las. 

Mas a conclusão que essas questões suscitam veem ditas pela narrativa do filme, desde detalhes como o próprio Vik Muniz se apresentando como o mais conhecido artista brasileiro no exterior.

E depois o que acho mais grave do filme dizendo que a atitude deles é nobre, é incrível, é isso e é aquilo...

Isso enfraquece as ações mostradas, pois o que isso gera, o que isso nos faz refletir, deve ser despertado em cada um e não ser narrado como optaram Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim.



Faz lembrar de Pixote e repensar responsabilidades, atos nobres X atitudes paternalistas... Complexa questão...



Por isso que em meio a tanto material, se separa o joio do trigo, o extraordinário do lixo e se fica com a reciclagem de idéias e arte final emocionante!

sábado, 5 de março de 2011

Inverno da Alma


Não chega a me manter fria, mas digamos que em estado de mornidão...


Debra Granik conta a história de uma família no interior dos Estados Unidos em um clima de terra de velho oeste, lugar de crimes, pessoas duronas, xerifes... 

Mas em espírito contemporâneo, onde os crimes estão ligados ao tráfico de drogas, onde crianças usam armas para caçar esquilos ou se proteger de bandidos, adolescentes rebeldes e ousadas se veem refém do marido com gravidez indesejada, etc.


Quem protagoniza é uma jovem que se coloca como chefe de uma família de duas crianças, uma mãe com sérios distúrbios psicológicos e um pai ausente, ex-preso por tráfico e atual fugitivo.


Ela tem que resolver problemas de pobreza (frio, falta de comida, etc) e assuntos pendentes do pai (com criminosos). Para isso ela se mantém doce, atenciosa, mas firme e durona...




Com atuação boa, fotografia boa, filme em geral bom.




O problema é que algo aí não cola! Impossível se identificar e envolver com a falta de sentimentos colocada, e também não há uma representação mais caricata, interessante e inusitada como os irmãos Coen costumam fazer...



Fica um filme frio e invernal, onde há corpo, mas falta justamente a alma...

trailer do filme