segunda-feira, 19 de julho de 2010

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine of a Spotless Mind) - Gondry


Fico realmente tocada quando filmes alcançam o intangível: transformar sentimentos, sensações e outros substantivos abstratos em imagens, sons e narrativas realmente é um mérito!


Por exemplo: como falar de separações? A angústia de conviver com lembranças, com sonhos que nunca foram, com a dor do amor que fica, apesar do amor que vai? Como concretizar esse etéreo?

Boas respostas que dei esses tempos aqui foram: "Sonhos" Do Kim Ki Duk e "Foi Apenas um Sonho" (Revolutionary Road) do Sam Mendes. Agora aproveito pra comentar o "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças"... No qual Michel Gondry parte de uma situação totalmente fantástica e ao mesmo tempo tradutória de algo tão concreto nas trajetórias de nossas vidas.

Inventar Lacuna, a clínica especializada em apagar recordos sentimentais daqueles que sofrem com o passado e usá-la numa típica história de casal: conhecer, apaixonar, conviver, consolidar, achar problemas, entrar em crise, separar...

A construção não linear para confundir, instigar e também mostrar que uma relação não é necessariamente linear com começo, meio e fim marcados e definitivos. Somada de histórias paralelas que dão outras perspectivas desse sentimento tão poderoso que é o amor, que pode ser incontrolável e incontornável, podendo estar acima de nossas escolhas racionais.

Por dar vida a um tema tão universal e com pontos de vista ao mesmo tempo óbvios e profundos, o filme se tornou um certo ícone do coração de muita gente, por se sentirem expressadas naquilo nunca antes possível de ser dito... 

Ainda mais com uma linguagem tão envolvente, contemporânea, cheia de referências (desde o elenco, passando pelos efeitos visuais videoclípicos até a trilha sonora e o poema de Alexander Pope citado e que dá título ao filme...).

E pra completar, a moral da história que me ganha totalmente, pois sempre foi a minha: as vivências valem a pena e fugir delas, das lembranças e do passado é raso e falso.

Ou como diria Renato Russo "nada vai conseguir mudar o que ficou".

E algo sempre fica, como esse filme comigo!


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