Tiro meu chapéu a diretores que trazem universos, visões de mundo e uma moral tão diferente da minha (e não necessariamente de uma maneira positiva), mas que ainda assim me prendem, me divertem e me instigam...
Não sou uma grande conhecedora de Clint Eastwood, já que não gosto de faroestes e afins, mas em filmes recentes, Clint realmente me pegou...
Desde a adaptação do maravilhoso livro de Dennis Lehane - Sobre Meninos e Lobos, em que ele faz um filme complexo, contundente, cheio de sentimentos e ainda assim com a secura e concisão típicas dele!
O seguinte, Menina de Ouro, é novamente um primor de manipulação de sentimentos: ele te envolve em um universo de uma menina que quer vencer no boxe (o que em si já é algo que naturalmente não me atrairia nem um pouco) e no meio do filme subverte o próprio filme e aborda a questão de uma história de amor diante da dúvida e da angústia da eutanasia.
Depois os elogiados filmes sobre Hiroshima (Cartas de Iwo Jima - bom, mas durão demais pra mim e A Conquista da Honra - que acabei não vendo).
Um tropeço com A Troca, que é bem mais fraco
e uma volta triunfal em Gran Torino!
Demorei pra ver e já não sabia bem o que esperar diante de comentários entusiastos e mornos...
Mas me diverti muito, tanto por ver a caricatura que Clint faz de si mesmo tão bem construída, como por conseguir alcançar um além desse personagem... Dá pra se aproximar e entender um pouquinho dessa figura durona vinda dos "bang-bangs"...
E ver o tema dos estrangeiros nos Estados Unidos, dos contrastes de culturas, dos choques, das brigas, das gangues... (representado principalmente por excêntricos e simpáticos "chineses")
Do bang-bang ao gang-gang, Gran Torino é um filme que vale a pena!